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terça-feira, 17 de setembro de 2013

Quando as médicas têm cara de empregada doméstica




Por Franklin Cunha*

Num dos espetáculos mais vergonhosos e chocantes perpetrados por um segmento da classe média,no caso a categoria médica, foi documentado  pelos jornais e TVs do país inteiro.



Neles vimos um colega, negro e modestamente vestido, atravessando um corredor polonês, sendo vaiado e insultado  por médicas e médicos brancos e elegantes.  O olhar e a expressão facial do colega,nos entristeceram profundamente. Como diante desse deprimente espetáculo, pode se explicar a atuação desses profissionais da saúde física e mental do Ceará? Logo o Ceará, com tão altas taxas de mortalidade materna e infantil que certa vez um médico, Dr. Galba Araújo, tentou diminuí-las criando as Casas de Parto, administradas e atendidas por parteiras dos pobres municípios nordestinos. Estas modestas unidades, onde as mortes de gestantes e de nascituros baixaram a níveis escandinavos – ou cubanos – foram desativadas e nunca mais tivemos notícias de quaisquer protestos. Os argumentos dos distintos colegas de que a medicina cubana e os seus praticantes são de baixo nível técnico e profissional e que, portanto não servem para nosso país, merecem algumas observações. A Organização Panamericana da Saúde, repetidamente informa que os quatro países da América nos quais suas populações têm os melhores níveis de saúde são o Canadá, Costa Rica,  Chile e Cuba. Para os três primeiros, as explicações são diferentes, mas e para Cuba, país pobre e com muitas restrições de acesso às sofisticadas tecnologias médicas? Ou estas tecnologias não são fundamentais para se manter um povo saudável ou os médicos e o sistema de saúde cubano são tão bons que superam a ausências desses meios técnicos. Há uma terceira hipótese: os médicos não são os principais e únicos fatores que mantém a boa saúde das populações. Saneamento básico, habitação espaçosa e limpa, boa alimentação, instrução e educação generalizadas, são mais importantes, baratos e eficientes do que médicos, medicamentos e equipamentos para a manutenção da saúde física e mental dos seres humanos em qualquer região do planeta. Com muito menos recursos, a medicina cubana produz resultados muito melhores do que a medicina brasileira e mesmo a dos EEUU, país que mantém 40 milhões de seus cidadãos sem nenhuma assistência médica.


Ao cometer a estupidez de dizer que médicas cubanas têm “cara de empregada doméstica”, a jornalista Micheline Borges fez, sem querer, um grande favor. Escancarou o preconceito de tantos e ressaltou o processo de exclusão de negros do sistema de ensino. Aqui, nos acostumamos com médicos brancos e operários pretos e qualquer perspectiva de mudança – cotas em universidades, por exemplo – assusta muita gente.


Quanto a exigência pétrea que nossas entidades médicas exigem para se avaliar os médicos estrangeiros,dispõem-se das seguintes informações : desde 2005 o Conselho Regional de Medicina de São Paulo vem aplicando, ao final do curso, um exame visando à avaliação dos conhecimentos adquiridos pelos novos médicos e sua capacidade  em atender com proficiência à população. Formulam 120 questões, considerando aprovados aqueles que acertam apenas 72 (60%).Depois de vários exames realizados entre 2005 e 2011 a taxa de reprovação dos médicos variou de 32% a 61%.  Então vemos que 1.098 dos médicos recém formados em SP não conseguiram acertar 72 de 120 questões da prova. Esta é a “qualidade” que alguns querem que seja alcançada pelos médicos estrangeiros que vêm para resolver um crucial problema da assistência médica, a qual é direito de todo o cidadão.

O mais grave é que 88% dos examinados erraram questões sobre como tratar criança com diarréia e desidratação; 88% não souberam tratar uma criança com insuficiência respiratória; 86% erraram um diagnóstico sobre apendicite; 83% erraram diagnóstico de tuberculose; 81% não souberam proceder num caso de paciente com trauma por acidente; 73% não souberam realizar atendimento em recém-nascidos.

Diante de tudo isso, envergonha a categoria médica a afirmação do presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais que orientará os médicos mineiros para não socorrerem pacientes que sejam vítimas de eventuais erros de médicos cubanos.
A declaração do presidente do CRM/MG deflagra um claro e cruel estímulo ao crime de omissão de socorro. Trata-se sem dúvidas  de um processo de nítida patologia mental.



*Franklin Cunha é médico




Fonte: Sul21
Imagens: Google (colocadas por este blog)


2 comentários:

Anônimo disse...

O Brasil está tão mal acostumado com concorrência,que os pilantras dos médicos Brasileiros,que sabem só trabalham quando quer, ao contrario do que prometeu em sua formatura,que pagaram o maior mico da história desse País,ao vaiar os colegas de Cuba.Que vergonha.

BURGOS disse...

Anonimo

A máfia branca do Brasil mostrou a sua cara!


Um grande abraço meu amigo

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