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quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Meninas Tristes




Minhas redes sociais se encheram nos últimos dias com o relato da morte da menina de 8 anos que morreu em sua noite de núpcias com o marido, 32 anos mais velho que ela. Abstive-me de compartilhar. O que eu diria? Que é um absurdo, como corretamente enfatizaram os meus amigos? É claro que é. Repetir isso, infelizmente, não torna o caso mais assimilável ou o explica ou o impede. Não temos de denunciar? Claro que temos. Estou sempre fazendo isso. Mas dessa vez, como de outras, a dor calou fundo. Tão fundo que minha única atitude possível foi esperar que a dor assentasse para poder pensar sobre ela.

Quando um fato como esse vem à público nossa indignação o define, porém, o define nos nossos termos, dando pouco espaço às idiossincrasias do outro. Não, não apelarei à relatividade cultural como instrumento de compreensão e acomodação de nossa genuína raiva por um episódio assim. Sim, claro, é outra cultura, mas isso não nos isenta de forma alguma. Não nos livra da ocorrência de inúmeros casos semelhantes. Não nos faz mais santos, não nos coloca numa redoma ética de proteção à infância. Não faz da nossa sociedade um espaço de pleno respeito às mulheres, aos seus corpos, às suas vontades. Nosso quintal é tão sujo quanto o do vizinho.

Gostaria de pensar a notícia em mais de um nível.

Primeiro, relativizando o horror que ela causa com casos acontecidos aqui no Brasil. Nesta mesma semana, várias redes sociais compartilharam o pedido de se ajudar numa vaquinha para reconstituir o corpo de uma menina que foi estuprada aos 10 anos. Ficou famoso o caso da menina de 9 anos, que engravidou violentada pelo padastro e cujo aborto foi amplamente noticiado porque a equipe médica e a mãe foram excomungados. Eu poderia citar as meninas vendidas em todos os cantos desse país, as que se prostituem nos sinais, as que são entregues em casas de tolerância do norte ao sul, as que fazem qualquer coisa em troca de comida. Eu poderia juntar mil notícias do Brasil e mais um milhão do mundo inteiro com casos semelhantes. Essas meninas são menos vítimas porque não morreram? São menos vítimas porque não tiveram seus corpos dilacerados? São menos vítimas porque, como aparece numa decisão do STJ, meninas de 12 anos que se prostituem não podem ser estupradas, pois já não têm pureza. A não ser claro, que morram ou tenham terríveis sequelas físicas.

Meu argumento é que o caso da menina do Iêmen não é isolado. Pelo contrário. E mais, o Brasil assiste e fecha os olhos para casos desse tipo todos os dias. Ah, mas nós não permitimos casamentos com crianças? Não, mas permitimos que sejam prostituídas. Temos inúmeros graus de poder que acobertam, usam, estimulam e, sim, permitem que isso ocorra. Nossa indignação é válida, violenta e correta. Mas, há mais, desgraçadamente, há muito mais. E está ali, na esquina, não só no Iêmen.

O segundo ponto que gostaria de chamar atenção é a forma como a notícia foi construída no Ocidente e assim traduzida e vendida. Porque se observarmos com atenção é possível ver que o texto – vindo de uma agência de notícias alemã – não só nos encobre (encobre as desgraças do Ocidente e os homens ocidentais que viajam para países do terceiro mundo para usufruírem de sexo com crianças, meninas e meninos) como trabalha na construção dos “terríveis povos muçulmanos” que casam crianças com adultos. O texto jornalístico faz ênfases. Enfatiza que foi o padastro, porque afinal (isso é uma ironia) um pai nunca faria isso, não é mesmo? E lá retornamos nós aos contos de fadas em que todos os padastros e madrastas são intrinsecamente maus. Enfatiza a venda e o preço. Um pouquinho de história e sociologia e falar-se-ia em dote e não em venda. Só que dote nos parece aceitável e venda não. VENDA, com o perdão do trocadilho horroroso, vende muito mais notícias. É claro, podemos argumentar, mas dote não é uma espécie de venda também? Sim, dependendo do seu formato, é sim. E isso não é terrível? É, claro que é. Não é um absurdo que ainda exista? Com todo a certeza. No entanto, usar conscientemente, um termo que aumenta a monstruosidade do caso e o ódio contra os países árabes e suas inúmeras culturas e aspectos religiosos não pode nos passar desapercebido. Não, no momento político internacional que vivemos.

Meus comentários não pretendem esvaziar a notícia ou a justa indignação que causou. Apenas acredito que o caso e seu noticiamento comportam outras leituras. A mais grave de todas é o terceiro aspecto que eu gostaria de enfatizar: trata-se da permanência dessa cultura que objetifica as mulheres, que as esvazia de vontade, que faz da virgindade um tipo de troféu ou segurança da masculinidade. No mundo todo, assistimos regularmente as mulheres sendo tratadas como cidadãos de segunda classe, como apêndices do masculino. Isso está entranhado em nós, em nossos sistemas de pensamento, em nossa linguagem, em nossas condutas, na forma como lemos o mundo. Mais do que pensar nos inúmeros casos que assistimos ou somo informado, é preciso pensar em impedir que eles continuem a ocorrer. E para isso é preciso alterar a forma como encaramos o que é ser homem, o que é ser mulher. A revolução mundial é, antes de tudo, a superação deste mundo em que ser menina ainda é um vaticínio de azar em grande parte do planeta e ali, na nossa esquina.




Fonte: Sapatinhos Vermelhos . Sul21

7 comentários:

Fada do bosque disse...

Querido amigo,

As tuas palavras e o facto em si, deixaram-me comovidas.
Este sistema fálico, acabou porque vai falir. O mundo está como está, simplesmente porque o homem tomou as rédeas e depois disso, o freio entrou nos dentes.

Se as mulheres não tivessem sido escravizadas... e que não se regozijem as ocidentais pois também o são, quanto mais não seja da moda, essa peste!... e por consequência dos químicos, das roupas e calçado que impedem a liberdade. Essas mulheres que a tudo se sujeitam nos Media, com cérebro lavado pelo MKUltra, não são mais que prostitutas e escravas de um sistema desumano com o qual compactuam.

Essas meninas inocentes, maltratadas pelos homens e pelas sociedades, são a prova factual que a teoria da evolução, não passa disso mesmo: uma teoria.

Saio daqui triste, não só por essa menina e pela sua triste mensagem, mas por todas... veja a China por exemplo.

Um beijo, meu amigo.

BURGOS disse...

Fada

Essas palavras não são minhas, são do blog Sapatinhos Vermelhos do site Sul21, mas faço minha cada palavra deste texto, concordo com tudo.
Deixei lá um comentário que infelizmente ainda não foi moderado, talvez nem seja colocado, pois fui extremamente agressivo.

Vou tentar lembrar e transmitir aqui para você:

"Achei o texto e a abordagem excelente, mas o que mais me espantou é que este post foi escrito no dia 12/09, portanto faz hoje uma semana, o site Sul21 tem vários comentaristas todos os dias e excepcionalmente este post só teve inacreditavelmente somente um único comentário em 7 dias. Claro que a maioria dos comentarista do Sul21 são homens, e isso me deixou furioso, um assunto que deve ter ficado no fundo da consciência destes leitores diários. E pergunto:

Porque não houve comentários?

Será que os leitores homens se sentiram culpados também?

Será que ficaram sem argumentos?

Sempre falo e sempre falarei:

Só existe prostituição porque há consumidores.

Isto é fato!

E contra fatos não há argumentos.

(foi mais ou menos assim o meu comentário no Sul21)

Um grande beijo minha amiga

Vapera disse...

Caro Burgos,
Muito bom!
Eu havia lido essa pérola, no meu entender todo agressor de mulher deveria ser executado, não porque mulher é "sexo frágil" mas porque é a perpetuadora do destino humano.
Mas infelizmente extamente por isso, a culpa dessa desgraça é sobremaneira feminina!
Li que a cada dois dias morre uma mulher pobre fazendo aborto no brasil, e mesmo assim, a mulherada adora encher o pote de álcool e quem bebe faz sexo fácil, sujo e irresponsável.
A tal conclusão de que menina de 12 anos já sabe das coisas foi feita por UMA JUIZA e não um juiz!!!
A mulher aceita usar salto alto e via de regra é pisoteada com sua base fragilizada em distúrbios sociais. E acha que isso a torna poderosa, e não é preciso MKultra para que a mulherada eveja dessa forma, basta atrises "exemplares"!
Os "omens" tomam viagra e é um dos mais lucrativos negócio farmafial, ou seja, eles tem aonde fazer "testdrive"!! Mulheres aceitam "omens" que já não são nem "omens".
A virgindade não é troféu para homem, é trofeu para a mulher, pois em um mundo falocrata evidentemente a sem himem é aquela que aceitou um lixo, pois todo homem atualmente É lixo! E para que nãoveja de forma agresiva tal acertiva, mostro provas matemáticas:
Em um sistema de planificação de espécies, 10 % dos machos copulam, o resto (90%) morre virgem, se essa regra for quebrada, na primeira geração serão apenas 1% de machos aptos e o resto 99% será de filhotes de "meia bocas"!
Na segunda geração de sexo liberal e amoroso, a proporção dos aptos será 0,1% e assim por diante. Entendendo que a falocracia misógina de deus (aquele que entende mulher imunda e pecadora) está dominante a pelo menos 5000 anos, são aproximadamente 300 gerações, ou seja, são 0,trezentos zeros e um no final!!
Estatatisticamente não existe mais macho de qualidade reprodutora!!
O que resta??
A castidade!!
Essa é a razão do valor do himem!
Eu como macho afirmo que não é incomodo ter uma mulher que foi de um Bruce Lee, Dan Osmam, Nikola Tesla, Leornardo da vince (que dava vinte!! :-D), mas ter uma mulher que foi de um bêbado é nauseante!! Ela não sabe escolher macho, logo ela me escolher é vergonha para mim!!
Estou falando a lógica fisiológica do himem!
Eleé prova de que a mulher escolhe, o que é a primeira função feminina na questão reprodutora, escolher o macho!
Ou de outra forma, acontece o que vem acontecendo, mulheres são sequestradas de todas as formas, ao ponto de "omens" julgarem a questão do carater lícito de uma mulher eliminar ou não o filhote que não deseja!!

Ou seja, infelizmente sou obrigado a admitir que mulheres cavaram suas próprias covas em nome do prazer sexual, e em detrimento do poder de decidir o destino da humanidade.

Só como última ilustração, se mulheres se valorizassem, não existiria gordo, pois o gordo é relaxado, mas se não pudesse tocar em mulheres, eu garanto que iriam fazer o impossível para deixar de ser gordos!
Mas estão gordos e crescendo...
O terrível são as meninas pagarem pelos erros das mulheres adultas de todas as formas, isso é nauseante.
Solução?
Só a abstinência sexual!

Vapera disse...

Eu diria mais.
Existir mulheres queacham legítimo "omem" palpitar em questão de aborto é na melhor das hipóteses DEMENTE!

A mulher tem que aprender que é uma obrigação social ela portar arma, saber usa-la de forma SEMPRE LETAL contra abusadores e saber arte marcial.
Isso é o mínimo que uma mulher pode fazer por si, e não comprar batom, rimel, roupa para chamar a atençaõ de "omem", blush e todas as parafernalias "gueixeanas" e claro, revistas nova e outras imundícies.
A mulher que usa tais coisas deveria se perguntar o seguinte: "se eu quero um "HOMEM" que seja bom entendedor, porque eu usaria adereços para aqueles que são maus entendedores? É claro que para bom entendedor, mulher de burka é percebida da forma correta, mas para o lixo viagreiro, tem que ter olhos pintados, bocas vermelhantes, corpo delineado pela roupa e claro, salto alto para melhor oferecer-se para a "montada".
Mulher coerente não ingere nem um átomo de alcool, pois alcool nos torna lenientes e se o do bêbado não tem dono e não é para sexuar imagine a da bêbada que É para sexuar???
Mulher aceitar que aquilatem a vagina a buraco de defecar é escatológico!!
Aceitar bunda com nome pedófilo como bumbum só para se sentir gostosa e ainda raspar o pubis só para ficar mais "casta" é incitação pedófila total e o pior, praticada por quem sempre perde na queda de braço, a mulher!!
Sei que existem mulheres dignas, sei que essas buscam tentar fazer o melhor, mas NÃO BASTA!
Mulheres tem que se unir.
Achar que uma mulher gostar de outra é homossexualismo é parvo, pois todos nascemos de uma vagina, todos mamamos em tetas femininas, e nunca uma mulher viola a outra e sexo É violação queira ou não, logo toda mulher deveria aprovar o tribadismo em vez de aprovar o sexo casual, sem criterio, só porque está no cio.

Observo mais: o ânus é colado nos genitais para que esse se mostre a que serve e o que evacua.
Ou seja, o ânus é o termômetro da qualidade fisiológica, e um ânus "deficitário" mostra um dono deficitário e saber isso, só pelo cheiro ou "gineculogices" :-D e assim a preservação do olfato é fundamental, pois só assim uma mulher poderá escolher o macho adequado, e isso não tem como acontecer em perfumadas e perfumados, já dopados em seus olfatos.

Resumindo a bagaceira, a origem da desgraça feminina e consequente desgraça humana é bem antiga e foi toda feita graças a deus!!
Se todos nascem de uma Fêmea, porque deus não??
Só porque é deus, ou só porque a verdadeira divindade é Deusa??
Homem que é subserviente a um deus "omem" não é Homem, é "omem"!!

Sem o esclarecimento que só pode ser feito por mulheres inteligentes, as boçais vão continuar dando para qualquer viagreiro e achando que as colunas que adornam o esgoto (nadegas) são preferência nacional!
E ainda tem mulher que acha que pederasta é pertinente, um ser que aquilata o esgoto a porta da vida, que aquilata um feto a um feco!! :-D

Unamo-nos pelas mulheres, pelos himens e pelos homens!!
Destruamos 300 gerações de misoginia!

Um abraço.

Octopus disse...

Meu grande amigo,

Esse facto, esses factos, não me deixam indiferente como bem sabes.

"Estudioso" da língua e cultura árabe, várias vezes abordei esse problema, e chego smpre à mesma conclusão é inadmissível que em nome de uma qualquer cultura, neste caso a árabe, as mulheres sejem subjugadas pelo porder machista instalado.

Não me venham com tretas de profétas e outros lunáticos, é puramente inadmissível, ainda para mais quando se trata de crianças.

Eu me repudio é de nausea perante esta decadência do ser humano. Não tenho palavras, apenas vómito.

Um grande abraço querido amigo que defendes, e bem sei, neste campo a mesma ideologia (moral?) que eu, o que muito me reconforta.

Vapera disse...

Caro Burgos,
Nossa defesa não é moral é FISIOLÓGICA, é BIOLÓGICA!!
Ideológica é a defesa da submissão da mulher e da alavancação pederasto/pedófila (todo pederasta É PEDÓFILO, visto que ânus é orgão maduro desde o mecônio).
A culpa de tudo é do misógino deus!
É tudo graças a deus.
Matar esse imundo é a única meta que vale a pena para um homem de verdade.

Octopus disse...

Não raras veszes, estou plenamente de acordo com Vapera.

Com uma coisa estou plenamente de acordo: matar "esse" misógino Deus imundo.

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