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sábado, 31 de agosto de 2013

Medicina cubana...






por Najla Passos na Agencia CartaMaior

A médica cubana Ceramides Almora Carbonell, 42 anos, falava emocionada da recepção calorosa dos brasileiros, quando concedeu entrevista à Carta Maior nos corredores da Fiocruz, em Brasília, onde médicos brasileiros e estrangeiros que irão atuar no Programa Mais Médicos participam de um curso de formação. Na entrevista à Carta Maior, ela fala sobre sua experiência como médica e sobre a situação da saúde em seu país. 



Brasília - A médica cubana Ceramides Almora Carbonell, 42 anos, ainda falava emocionada da recepção calorosa dos brasileiros, quando a encontrei nos corredores da Fiocruz, em Brasília, onde médicos brasileiros e estrangeiros que irão atuar no Programa Mais Médicos participam de um curso de formação. Ela nasceu em Guane, um pequeno município de 35 mil habitantes na província de Pinar del Rio, famosa pela produção dos charutos cubanos. Aos 5 anos, mudou-se para a capital, onde cursou o estudo básico e médio. Com 17 anos de prática médica e experiências internacionais em Honduras e Bolívia, está divorciada há dois anos e não possui filhos. Decidi iniciar por aí nossa entrevista.

- É mais fácil deixar seu país quando não se tem marido e filhos?, questionei.

“Não tenho marido e filhos, mas tenho família: pai, mãe, irmão. Mas mesmo meus colegas que têm filhos, não temem deixá-los porque sabem que, em Cuba, eles serão muito bem assistidos, terão acesso gratuito à educação e saúde de qualidade. Além disso, os colegas médicos que permanecem na ilha criam uma espécie de rede de solidariedade para atender as famílias dos que estão fora. Nossos companheiros policlínicos visitam nossas famílias e cuidam para que sejam assistida nas suas necessidades. Eles ligam para meus pais, visitam minha casa e, assim, posso viajar tranquila”, explicou. 

- Seus pais também são médicos?

“Não. Eles são professores, já aposentados".

- E seu irmão, é médico?

“Não, eletricista. Sou a única médica da família”.

- E como você decidiu fazer medicina?

"Em Cuba, as escolas promovem ciclos de interesse que vão combinando as coisas que você gosta desde pequena. Por exemplo, vão bombeiros, professores, esportistas e vários outros profissionais, dentre eles os médicos. Isso para formar, desde pequeno, conhecimento sobre todas as áreas. Eu sempre gostei sempre da medicina. No ensino médio, participei do ciclo de interesse de cirurgia experimental e, depois, ainda participei do ciclo de medicina geral e integrada, ainda em Pinar Del Rio. Depois passei pela faculdade de medicina, seis anos de muito estudo. Era um período muito duro. Mas consegui nota máxima em todas as disciplinas. Em seguida, prestei os dois anos de serviço social obrigatório em Guane".

- Você voltou a sua cidade natal para clinicar?

"Sim, é uma cidade muito pequena, mas gosto muito de trabalhar lá".

- Não fez nenhuma especialização?

"Depois do serviço social, fiz três anos de especialização em medicina geral e integrada, como todos os médicos cubanos que vieram para o Brasil. Seria o equivalente, aqui no Brasil, a medicina familiar, que ensina ver a pessoa no seu conjunto. Fiz a especialização em dois níveis. Sou mestre em Procedimento e a Diagnósticos Primários de Atenção à Saúde".

- E como você aprendeu o português?

Meu pai morou na Guiné Bissau por um ano e se apaixonou pelo idioma. Ele me ensinava desde que eu era bem pequena. 

- Você disse que, em Cuba, os estudantes escolhem fazer medicina por vocação. No Brasil, os cursos de medicina são os mais caros, nas universidades particulares, e os mais concorridos, nas universidades públicas e, com isso, acaba que praticamente só os mais ricos, que têm como pagar uma educação de maior qualidade, conseguem acesso a eles.

"Em Cuba, a oportunidade é a mesma para todos os cubanos. Primeiro, não há classes sociais diferentes. Todos somos iguais. Não há discriminações por sexo ou raça. Sou mulher, sou mulata, mas estou aqui como todos os outros companheiros da brigada."

- Os brasileiros têm muita dificuldade em entender como vocês podem vir para cá sem receber o mesmo salário pago aos demais profissionais que integram o programa, como vocês aceitam que parte dos seus salários seja retida pelo governo. Como você vê isso?

"Eu conheço essa polêmica capitalista. É que vocês não entendem que nós não trabalhamos por dinheiro, mas por solidariedade, humanismo. O comandante Fidel Castro, nosso líder nacional e também latino-americano e mundial, tem uma frase que diz que “ser internacionalista é saldar nossa própria dívida com a humanidade”. E nós carregamos esse conceito em nosso coração. Desde pequenos, já aprendemos sobre internacionalismo, solidariedade, honradez, bondade, profissionalismo. Eu acho até que o povo cubano não poderia viver sem esses conceitos, que estão na base da sua cultura. Como diz nossa ministra da Saúde, temos um recurso muito grande, que é nosso próprio conhecimento e o amor do nosso povo por outros povos irmãos".

- Você falou que já esteve em outras missões internacionais...

"Sim, trabalhei por dois anos na Bolívia, em Potosí, o departamento mais pobre do país. Um lugar cheio de riquezas, mas onde o povo é muito pobre.
Também atuei em Três Cruzes, uma aldeia muito pequena e pobre. Lá, eu tive o prazer de trabalhar muito e conseguir inaugurar um hospital. Em Honduras, trabalhei em Nova Esperança, em municípios muito pobres.

- E, nesses locais, vocês tinham acesso a equipamentos, infraestrutura e tecnologia para atender adequadamente os pacientes? 

"Não. Nós trabalhávamos com o método clínico. Nós examinávamos os pacientes. Tocávamos as pessoas, conversávamos com os doentes. A falta de tecnologia não é problema para mim e nem para a brigada cubana, que trabalha muito com este método. E é com isso que esperamos melhorar muito a saúde do seu povo. Muitos países não têm dinheiro para pagar a tecnologia avançada. Sei usar um ultrassom, mas pratico muito o método clínico". 

- Outra crítica das entidades médicas brasileiras é que, em Cuba, por conta do longo embargo econômico, o acesso à tecnologia é muito restrito, o que provoca uma defasagem na formação dos médicos e os impossibilita de atuar adequadamente no Brasil. Você concorda com isso?

"Cuba é um país pobre e bloqueado, mas nossos indicadores de saúde são excelentes. E isso não tem a ver com muita tecnologia. Estamos entre os cinco países com menor índice de mortalidade infantil: menos de 4,5 por mil nascidos vivos. Isso é graças ao nosso esforço, porque estudamos muito, investimos em pesquisas, praticamos muito o método clínico, e isso faz a diferença. Também temos uma vigilância epidemiológica muito boa, fundamental para todos. E a saúde cubana é multissetorial: até a população participa. A dengue, por exemplo, é uma doença transmissível. Se o governo não educa sua população, todos morremos. 

- Há dengue em Cuba?

"Não, não há. Eu citei a dengue porque é uma doença comum no Brasil. Já atendi muitos pacientes com dengue, mas em Honduras. Não em Cuba, que temos uma vigilância epidemiológica forte. E nem na Bolívia, porque atuei no altiplano, onde é muito frio".




Imagens: Google

Ocidentais prontos para bombardear a Síria?





Fingindo crer num ataque químico do governo sírio contra o seu próprio povo, Washington, Londres e Paris fazem soar os tambores da guerra. Deve-se tomar a sério estas ameaças por parte de Estados que anunciam como iminente, desde há mais de dois anos, a queda da Síria?

Por Thierry Meyssan, no Rede Voltaire

Domingo 25 de Agosto, a Casa-Branca difundiu um comunicado, no qual um alto funcionário anônimo explicava que há "muito poucas de dúvidas" do uso pela Síria de armas químicas contra a sua oposição. O comunicado acrescenta que o acordo da Síria para deixar entrar os inspetores da ONU, na zona atingida, chega "muito tarde para ser crível".


Mesmo que o uso de armas químicas nos arredores de Damasco, na quarta-feira 21 de agosto de 2013 tenha muito provavelmente acontecido, o Conselho de segurança das Nações Unidas não concluiu que tenha sido da responsabilidade do governo sírio.

Reunido de urgência a pedido dos ocidentais, os embaixadores tiveram a surpresa de ver o seu colega russo apresentar-lhes fotos de satélite mostrando o disparo de dois obuses, às 1h35 da manhã, a partir da zona rebelde de Duma, nos locais rebeldes afetados pelo gás (em Jobar, e entre Arbin e Zamalka), a horas coincidentes com as confusões relatadas.

As fotografias não permitem saber se se tratou de obuses químicos, mas elas deixam supôr que a "Brigada do islã", que ocupa Duma, tentou matar dois coelhos duma cajadada só : por um lado eliminar os apoios dos seus rivais no seio da oposição, por outro lado acusar a Síria de ter recorrido a armas químicas, a fim de perturbar a ofensiva do exército árabe sírio para limpar a região à volta da capital.

Embora o governo sírio — como o seu inimigo israelense — não seja signatário da Convenção contra as armas químicas e disponha de estoques importantes, os jihadistas também os têm, como o confirmou Carla del Ponte para grande fúria do alto-Comissário dos Direitos do homem.

Em dezembro, o Exército sírio livre difundiu um vídeo mostrando um laboratório químico e ameaçando os alauítas. 

Esta semana, o governo descobriu vários esconderijos de armas químicas, de máscaras de gás e de antídotos, na circunvizinhança de Damasco.

Os produtos vinham da Arábia saudita, do Catar, dos Estados-Unidos e dos Países-Baixos. Foi, aliás, a pedido do governo sírio, e não dos ocidentais, que os inspetores da ONU se deslocaram à Síria por duas semanas, afim de inquirir sobre estas alegações de uso das mesmas. Enfim, a 29 de maio de 2013, a polícia turca prendeu uma dezena de membros da Frente Al-Nusra e apreendeu armas químicas que deveriam ser utilizadas na Síria.

Samantha Power e Obama

Ora, sexta-feira o presidente Obama reunia o seu Conselho nacional de segurança para examinar as opções de ataque contra a Síria, na presença da embaixadora Samantha Power chefe de fila dos falcões liberais. Ele decidiu reforçar a presença militar dos EUA no Mediterrâneo enviando para lá um quarto destroier, carregado de misseis de cruzeiro, o USS Ramage. Este junta-se ao USS Gravely, ao USS Barry e ao USS Mahan que é mantido na zona quando já devia ter retornado à 
base.



Sábado, ele telefonou ao primeiro-ministro britânico David Cameron. E domingo, falou com o presidente francês François Hollande. Os três homens acordaram que era preciso intervir sem precisar de que modo. Domingo ainda, o secretário de Estado John Kerry ligou aos seus homólogos britânico, francês, canadiano e russo para lhes dizer que os Estados Unidos tinham a convicção que a Síria tinha passado a "linha vermelha".



Se os seus três primeiros interlocutores o escutaram com subserviência, o russo Serguei Lavrov espantou-se, que Washington se pronunciasse antes do relatório dos inspetores das Nações Unidas. Ele avisou-o sobre as "consequências extremamente graves" que terá uma intervenção na região.

Yaakov Amidror
Segunda -feira o ministro francês da Defesa, Jean-Yves Le Drian estava no Catar e devia dirigir-se em seguida aos Emirados para se coordenar com eles. 
Enquanto o conselheiro de segurança nacional israelense, o general Yaakov Amidror, era recebido na Casa Branca.


Quando de uma entrevista telefônica entre o primeiro-ministro britânico David Cameron e o presidente russo Vladimir Putin, este ultimo sublinhou que não existia nenhuma prova do uso de armas químicas pela Síria. Pelo seu lado, o vice-ministro das Relações Exteriores chinês, Li Baodong, telefonou ao seu homólogo Duma, Wendy R. Sherman, para apelar à contenção dos Estados Unidos. Consciente do risco de guerra regional, de que os cristãos seriam as primeiras vítimas, o papa Francisco reiterou os seus apelos à paz.

Pode-se, por isso, pensar que os ocidentais vão entrar em guerra sem mandato do Conselho de segurança, como a Otan o fez na Iugoslávia? É pouco provável, porque na altura a Rússia estava em ruínas, hoje em dia ela deverá intervir após ter emitido três vetos para proteger a Síria ou renunciar qualquer ação no cenário internacional.

Entretanto Serguei Lavrov afastou sábiamente uma Terceira Guerra mundial. Ele indicou que o seu país não estava interessado em entrar em guerra contra seja quem fôr, mesmo que fosse a propósito da Síria. Poderá no entanto tratar-se de uma intervenção indireta de apoio à Síria, como o fez a China durante a guerra do Vietnã.

Massoud Jazayeri
O Irã fez então saber, por intermédio do seu chefe de estado-maior adjunto, Massoud Jazayeri, que para ele o ataque à Síria seria passar da "linha vermelha" e que, se fosse à ação, a Casa Branca sofreria "graves consequências".

É claro que o Irã não tem nem os meios da Rússia, nem os seus apoios, mas está seguramente no clube das 10 primeiras potências militares mundiais. Desde logo, atacar a Síria, é arriscar uma resposta sobre Israel, e levantamentos numa grande parte do mundo árabe nomeadamente na Arábia saudita. A recente intervenção do Hezbolá libanês e as declarações do seu secretário-geral Hassan Nasrallah, como as da organização palestinaa FPLP - Comando geral, não deixam qualquer dúvida.

Interrogado pela imprensa russa, o presidente sírio Bachar al-Assad, disse : "As declarações emitidas pelos políticos americanos, ocidentais e de outros países, constituem um insulto ao bom senso e uma expressão de desprezo em relação à opinião pública manifestada pelos seus povos. É um contra-senso: primeiro acusa-se, depois então reúnem as provas. Esta ação é levada a cabo por um país poderoso, os Estados Unidos (…) Este gênero de acusação é exclusivamente político, é uma resposta à série de vitórias registadas pelas forças governamentais sobre os terroristas".

Na Rússia, o presidente da Comissão dos Negócios estrangeiros da Duma, o jornalista e o geopolítico Alexei Putchkov, comentou na sua conta do Twitter : "Washington e Londres declararam Al-Assad culpado muito antes das conclusões dos inspetores da ONU. Eles só aceitarão um veredicto de culpabilidade. Qualquer outra conclusão será rejeitada".

O princípio de uma nova guerra na Síria quadra mal com os problemas economicos dos Estados Unidos e dos Europeus. Se vender armas é um meio de ganhar dinheiro, destruir um Estado sem esperar o retorno do investimento à curto ou médio prazo, só poderá agravar a situação.

Segundo uma sondagem Reuters/Ipsos realizada após o ataque de 21 de agosto, 60% dos estadunidenses opõem-se a uma intervenção na Síria, contra 9% que lhe são favoráveis. Se fossem convencidos do emprego de armas químicas pela Síria, teríamos 46 % a opor-se à guerra, enquanto passariam 25 % a apoiá-la. A mesma sondagem indica que os estadunidenses apreciam ainda menos a guerra secreta : São 89% a declarar que não se deve armar mais os rebeldes, contra 11% que apoiam tal. Por fim, quatro opções eram propostas aos entrevistados: ataques aéreos (apoiados par 12%), a criação de uma zona de exclusão aérea (11%), o financiamento de uma força multinacional (9%), e uma intervenção direta dos EUA (4 %).



Em França, o Le Figaro, editado pelo vendedor de armas Dassault, pôs a questão aos seus leitores: no final de um dia, tinha-se 79,60% em oposição à guerra contra 20,40% a apoiá-la.

Será certamente difícil para os ocidentais mudarem as suas opiniões públicas, e entrarem em guerra.

Uma outra interpretação dos acontecimentos é possível: certos vídeos mostrando as vítimas dos ataques químicos circularam na Internet algumas horas antes dos ataques. Será, pois, sempre possível aos ocidentais "descobrirem" a trafulhice na altura conveniente e fazer marcha-a-ré. Entretanto o assunto das armas químicas no Iraque mostrou que os ocidentais podiam mentir à comunidade internacional e reconhecê-lo, sem problemas, uma vez o seu fato consumado.

As acusações dos jihadistas, e dos seus patrocinadores ocidentais, acontecem quando o Exército árabe sírio lançava uma vasta ofensiva, "Escudo de Damasco", para limpar a área da capital. O disparo de dois obuses pela "Brigada do Islã" corresponde ao início desta ofensiva, que se desenrolou durante 5 dias e se saldou por importantes perdas entre os jihadistas (pelo menos 1.500 feridos e mortos, entre 25.000 efetivos). Toda esta agitação poderá não ser mais que um episódio de guerra psicológica, tanto para mascarar esta derrota como para tentar paralisar a ofensiva síria. Sobretudo um meio para Washington testar a resposta iraniana, após a eleição do xeque Hassan Rohani à presidência. E, é agora claro que este não se poderá opor à política do Líder Supremo da Revolução Islãmica, o aiatolá Ali Khamenei.

Entretanto, durante a guerra contra a Líbia, eu subestimei a possibilidade dos Estados Unidos violarem todas as regras, incluindo as da Otan. Enquanto, baseando-me em documentação da Aliança atlântica, eu insistia sobre a grande capacidade de resistência da Jamahiria face à sua oposição armada, ignorava a realização de uma reunião secreta na base da Otan em Nápoles, nas costas do Conselho do Atlântico. 

À época, os Estados Unidos, o Reino Unido, a França, a Dinamarca e a Turquia, assim como Israel, o Catar e a Jordânia planificavam, em segredo, o uso dos meios da Aliança para bombardear Trípoli [1]. 

Não confiando nos seus aliados, que eles sabiam opôr-se a um ataque tão custoso em vidas humanas, não os informaram. A Aliança atlântica não funcionava mais como uma Aliança própriamente dita, mas sim como uma Coligação ad hoc. Em alguns dias, a tomada de Trípoli fez pelo menos 40.000 mortos, segundo os relatórios internos da Cruz Vermelha. 

Um dispositivo semelhante está, talvez, em curso de ser formado: os chefes de estado-maior do mesmo grupo (quase) de Estados, mais a Arábia saudita e o Canadá, têm estado reunidos, desde domingo até esta tarde, em Amã, sob a presidência do comandante do CentCom, o general Lloyd J. Austin III. 

Eles encaram cinco opções possíveis (fornecimentos de armas aos "rebeldes"; bombardeios dirigidos; criação de uma zona de exclusão aérea; criação de zonas tampão; e invasão terrestre).

A imprensa atlantista clama pela guerra. O Times de Londres anuncia-a.


O presidente Barack Obama poderá assim seguir o plano de guerra estabelecido pelo seu predecessor George W. Bush, em 15 de setembro de 2001, que previa, para além dos ataques ao Afeganistão e Iraque, os da Líbia e da Síria, como o revelou o antigo comandante da Otan, o general Wesley Clark [2]. Salvo que, pela primeira vez, o alvo dispõe de sérios aliados.


Todavia, a nova retórica dos EUA contradiz a soma de esforços da administração Obama, desde há um ano, aplicada a eliminar os obstáculos à realização da conferência de Genebra 2: demissão do general David Petraeus e dos partidários da guerra secreta; fim do mandato de Hillary Clinton e dos ultra-sionistas; avaliação dos opositores irredutíveis a uma aliança com a Rússia, nomeadamente no seio da Otan e do Escudo anti-mísseis. Ela contradiz também os esforços de John Brennan de provocar confrontos no seio da oposição armada síria; de exigir a abdicação do emir do Catar; e de ameaçar a Arábia saudita.

Do lado sírio, preparam-se como podem para qualquer eventualidade, e, incluindo um bombardeio da Otan contra os centros de comando e os ministérios, coordenado com um assalto de jihadistas contra a capital. No entanto a opção mais provável não é o desencadear de uma guerra regional, que fugiria ao controle das potências ocidentais. Será, provavelmente, um ataque, no outono, supervisionado pela Arábia saudita, e endossado pelos combatentes que ela recruta atualmente. Eventualmente, esta operação poderia ser apoiada pela Liga árabe.

Notas:
[1] O relevo das decisões desta reunião incluía uma longa lista de alvos e dos meios que lhe foram destinados. Uma alínea previa o envio de um comando ao hotel Radisson onde eu residia, para me eliminar. Entretanto, aquando do ataque, eu encontrava-me no Centro de imprensa do hotel Rixos.

[2] Este plano previa, igualmente, destruir o Líbano, depois o Sudão e a Somália e acabar com o Irã.




Imagens: Google

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

EUA utilizam crimes passados para legalizar crimes futuro




por Diana Johnstone [*]

Os falcões da guerra estão a tatear em busca de um pretexto a que possam chamar "legal" para travar guerra contra a Síria e têm sugerido a "Guerra do Kosovo" de 1999.



Isto não é surpreendente na medida em que um objetivo primário daquela orgia de 78 dias de bombardeamento dos EUA/OTAN sempre foi estabelecer um precedente para mais guerras assim. O pretexto de "salvar os kosovares" de um imaginário "genocídio" era tão falso como o pretexto das "armas de destruição maciça" para a guerra contra o Iraque, mas a falsificação teve muito mais êxito entre o público geral. Portanto o Kosovo mantém sua utilidade no arsenal de propaganda. 


 Em 24 de Agosto, o New York Times informou que ajudantes de segurança nacional do presidente Obama estão "estudando a guerra aérea da OTAN no Kosovo como um possível plano para atuar sem um mandato das Nações Unidas". (A propósito, a "guerra aérea" não foi "no Kosovo", mas atingiu a totalidade do que era então a Jugoslávia, destruindo principalmente infraestrutura civil da Sérvia e expandindo também a destruição ao Montenegro.) 

Na sexta-feira, Obama admitiu que entrar e atacar outro país "sem um mandato da ONU e sem prova clara" levantava questões em termos de direito internacional. 

Segundo o New York Times, "o Kosovo é um precedente óbvio para o sr. Obama porque, como na Síria, foram mortos civis e a Rússia tinha laços antigos com as autoridades governamentais acusadas dos abusos. Em 1999, o presidente Bill Clinton utilizou o endosso da OTAN e a racionalização de proteger uma população vulnerável para justificar 78 dias de ataques aéreos". 

"É um passo demasiado grande dizer que estamos a formular justificações legais para uma ação, uma vez que o presidente não tomou uma decisão", disse um alto responsável da administração, o qual falou na condição de anonimato a discutir as deliberações. "Mas o Kosovo, naturalmente, é um precedente de alguma coisa que talvez seja semelhante". 

Ivo H. Daalder, um antigo embaixador dos Estados Unidos na OTAN, sugere que a administração podia argumentar que a utilização de armas químicas na Síria equivale a uma grave emergência humanitária, assim como a administração Clinton argumentou em 1999 que "uma grave emergência humanitária" apresentava à "comunidade internacional" a "responsabilidade de actuar". 

Isto equivale à legalidade criativa digna do Estado Canalha (Rogue State) número um do planeta. 



Uma guerra ilegal como precedente para mais guerra 


A guerra dos EUA/OTAN contra a Jugoslávia, a qual utilizou força unilateral para fragmentar um estado soberano, destacando a histórica província sérvia do Kosovo e transformando-a num satélite dos EUA, foi claramente em violação do direito internacional.

Em Maio de 2000, a eminente autoridade britânica em direitos internacional, sir Ian Brownlie (1936-2010), apresentou um Memorando de 16 mil palavras , avaliando o status legal da guerra para o Comité sobre Negócios Estrangeiros do Parlamento Britânico. 

Brownlie recordou que disposições chave da Carta das Nações Unidas declaram bastante claramente que "Todos os Membros abster-se-ão nas suas relações internacionais da ameaça ou da utilização da força contra a integridade territorial ou a independência política de qualquer Estado, ou em qualquer outra maneira inconsistente com os Propósitos das Nações Unidas". 

Brownlie acrescentou que o alegado direito à utilização da força para propósitos humanitários não era compatível com a Carta da ONU. 

Durante a década passada, as potências ocidentais inventaram e promoveram um teórico "direito a proteger" ("right to protect", R2P) num esforço para contornar a Carta da ONU a fim de abrir o caminho para guerras cujo propósito final é mudança de regime. A utilização do R2P para derrubar Kadafi na Líbia mostrou o jogo, assegurando a oposição russa e chinesa a qualquer outra de tais manobras no Conselho de Segurança da ONU.

Em relação à guerra do Kosovo, no seu Memorando o professor Brownlie chegou às seguintes conclusões principais:

- A justificação primária para o bombardeamento da Jugoslávia foi sempre a imposição dos planos da OTAN para o futuro do Kosovo. Foi neste contexto que a campanha de bombardeamento foi planeada em Agosto de 1998. 

- As ameaças de ataques aéreos maciços foram feitas no mesmo contexto e foram tornadas públicas pela primeira vez em Outubro de 1998. Nem o propósito dos ataques aéreos planeados nem a sua implementação relacionaram-se com eventos sobre o terreno no Kosovo em Março de 1999.

- A razão dos ataques aéreos era bastante simples: uma vez que a Jugoslávia não havia cedido às ameaças, as ameaças tinham de ser executadas.
 
- A base legal da ação, tal como apresentada pelo Reino Unido e outros Estados da OTAN, não foi em nenhuma etapa adequadamente articulada. 

- Intervenção humanitária, a justificação tardiamente avançada pelos Estados da OTAN, não tinha lugar nem na Carta das Nações Unidas nem no direito internacional convencional.

- Se tivesse sido mantida a visão de que os Membros Permanentes do Conselho de Segurança reconheceriam a necessidade de ação humanitária, então sem dúvida uma resolução teria sido exigida.

- As intenções dos Estados Unidos e do Reino Unido incluíam a remoção do Governo da Iugoslávia. É impossível reconciliar tais propósitos com intervenção humanitária. 

- A afirmação de estar a atuar em bases humanitárias parece difícil de reconciliar a desproporcionada quantidade de violência envolvida na utilização de munição pesada e mísseis. As armas tinham efeitos explosivos extensos e os mísseis tinham um elemento incendiário. Uma alta proporção de alvos estava em cidades. Muitas das vítimas foram mulheres e crianças. Após sete semanas de bombardeamento pelo menos 1.200 civis foram mortos e 4.500 feridos. 

- Apesar das referências à necessidade de uma solução pacífica ser encontrada em Resoluções do Conselho de Segurança, as declarações públicas da sra. Albright, do sr. Cook, do sr. Holbrooke e outros e as ameaças reiteradas de ataques aéreos maciços, tornam muito claro que nenhuma diplomacia comum foi encarada.

O "tratamento Kosovo" 

Como sinopse final, Brownlie escreveu uma nota profética sobre a utilização futura do "tratamento Kosovo":

"O autor tem contatos com um grande número de diplomatas e juristas de diferentes nacionalidades. A reação à campanha de bombardeamento da OTAN fora da Europa e da América do Norte geralmente foi hostil. A maior parte dos Estados tem problemas de separatismo e podiam, numa base seletiva, serem os objetos da "gestão de crise" ocidental. A seleção de crises para o "tratamento Kosovo" dependerá da geopolítica e da agenda colateral. É nesta base, e não numa agenda humanitária, que a Jugoslávia está destinada à fragmentação numa base racial, ao passo que a Rússia e a Indonésia não estão".

Ele acrescentou: "Intervenção coerciva para servir objetivos humanitários é uma pretensão possível apenas para Estados poderosos contra os menos poderosos. O destino da Jugoslávia terá provocado dano considerável à causa da não proliferação de armas de destruição em massa"

O Memorando Brownlie para o Parlamento Britânico é a mais completa avaliação do status legal da Guerra do Kosovo. É bastante notável que o falcões da guerra liberais em torno de Obama falem em utilizar aquela guerra como um "precedente legal" para uma nova guerra contra a Síria. 

Isto equivale a dizer que um crime cometido uma vez torna-se um "precedente" para justificar o crime a ser cometido na vez seguinte.

Quantas vezes pode você enganar a maior parte do povo? 

Se entendida corretamente, a guerra do Kosovo foi na verdade um precedente que deveria atuar como um sinal de advertência. 

Quantas vezes podem os Estados Unidos utilizar um alarme falso para começar uma guerra agressiva? "Genocídio" não existente no Kosovo e na Líbia, armas de destruição maciça não existentes no Iraque e agora aquilo que parece para grande parte do mundo como uma "falsa bandeira" de armas químicas no ataque à Síria. 

Os Estados Unidos habitualmente anunciam a presença de um casus belli desejado ignorando pedidos de prova concreta.

No Kosovo, os Estados Unidos obtiveram a retirada de observadores internacionais que poderiam ter testemunhado se sim ou não havia evidência de "genocídio" de kosovares. As acusações escalaram durante a guerra e quando, posteriormente, nenhuma evidência de tal assassínio em massa foi encontrada, o assunto foi esquecido. 

No Iraque, nunca houve qualquer prova de ADM, mas os EUA foram em frente e invadiram. 

Na Líbia, o pretexto para a guerra foi uma declaração citada erroneamente de Kadafi a ameaçar um "massacre de civis" em Bengazi. Isto foi denunciado como uma falsificação mas, mais uma vez, a OTAN bombardeou, o regime foi derrubado e o pretexto caiu no esquecimento. 

Domingo, assim que o governo sírio anunciou estar pronto a permitir a inspetores internacionais investigarem alegações de utilização de armas químicas, a Casa Branca respondeu: "demasiado tarde!" 

Um alto responsável da administração Obama, pedindo anonimato (pode-se razoavelmente admitir que o responsável era a falcoa Conselheira de Segurança Nacional de Obama, Susan Rice) emitiu uma declaração afirmando que havia "muito pouca dúvida" de que forças militares do presidente Bashar al-Assad haviam utilizado armas químicas contra civis e que uma promessa de permitir a inspetores das Nações Unidas terem acesso ao sítio era "demasiado tardia para ser crível". 

No mundo para além das grandes auto-estradas, há uma grande dúvida – especialmente acerca da credibilidade do governo dos Estados Unidos quando se trata de encontrar pretextos para ir à guerra. Além disso, estabelecer "armas químicas" como um "limite" ("red line") que obriga os EUA a irem à guerra é totalmente arbitrário. Hás muitas maneiras de matar pessoas numa guerra civil. Selecionar uma delas como um disparador para intervenção estado-unidense serve primariamente para dar aos rebeldes uma excelente razão para executarem uma operação de "falsa bandeira" que introduzirá a OTAN na guerra que eles estão a perder. 

Quem realmente quer ou precisa da intervenção dos EUA? O povo americano? Que bem lhe fará ficar envolvido em ainda outra interminável guerra no Médio Oriente? 

Mas quem tem influência sobre Obama? O povo americano? Ou é ao invés "nosso mais firme aliado", o qual é o mais preocupado em reconfigurar a vizinhança no Médio Oriente? 

"Não se deve permitir que esta situação continue", disse o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, exprimindo notável preocupação por civis sírios "que eram tão brutalmente atacados por armas de destruição em massa".

"Aos regimes mais perigosos do mundo não se deve permitir possuírem as mais perigosas armas do mundo", acrescentou Netanyahu. 

Incidentalmente, inquéritos efetuados mostram que para grande parte do mundo, o regime mais perigoso do mundo é Israel, ao qual é permitido possuir as armas mais poderosas do mundo – as armas nucleares. Mas não há probabilidade de que Israel alguma vez obtenha "o tratamento Kosovo".




[*] Autora de Fools Crusade: Yugoslavia, OTAN and Western Delusions,
diana.josto@yahoo.fr
O original encontra-se em www.counterpunch.org/2013/08/26/us-uses-past-crimes-to-legalize-future-ones/
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/
 
 
 
Fonte: IRÃ NEWS


terça-feira, 13 de agosto de 2013

Uma Estratégia Nacional para Amazônia Legal


A Bacia Amazônica é uma imensa região natural da América do Sul,
provida de um sistema fisiográfico fechado, dotado de características
ecológicas singulares e isolado do restante do continente. Essa configuração
da natureza tem favorecido a unidade política da Amazônia Brasileira.


Gen Ex RR Maynard Marques de Santa Rosa


“Se o governo federal entende que a Amazônia só faz parte do Brasil para lhe pagar imposto, não tem de que se estranhar se os habitantes de lá acharem que tal honra lhe sai muito cara, e procurarem constituir-se em nação independente”.

(Associação Comercial do Amazonas ao governador Jonathas Pedrosa, em Jul 1913 – Antonio Loureiro, em A GRANDE CRISE, pág. 146).


1. Considerações Básicas



A Bacia Amazônica é uma imensa região natural da América do Sul, provida de um sistema fisiográfico fechado, dotado de características ecológicas singulares e isolado do restante do continente. Essa configuração da natureza tem favorecido a unidade política da Amazônia Brasileira.


O território amazônico encerra um potencial incomensurável de recursos naturais, sendo a última fronteira biológica e mineral do planeta. Contudo, o conhecimento dessas peculiaridades ainda representa um desafio à ciência.

A “esfinge amazônica” de Djalma Batista destaca um dilema histórico: povoá-la e explorá-la, com o risco de desequilibrar os ecossistemas, ou preservá-la para o futuro, privando a geração presente do usufruto de seus recursos e aceitando um risco crescente à soberania nacional.

O professor Armando Mendes alertou que “o maior problema político da Amazônia é o seu vazio populacional”. Sem população, não existe atividade econômica, nem presença institucional. Daí, a causa principal da ausência do Estado.

O povoamento efetivo dos vales da calha Sul do rio Amazonas ocorreu durante o ciclo da borracha, graças ao atrativo da “hevea brasiliensis”, uma árvore de grande produtividade, que enriqueceu os seringais. Na Calha Norte, porém, o território permaneceu deserto, devido ao predomínio da seringueira “hevea benthamiana”, de baixa produtividade, que inviabilizava a sua exploração econômica. A área compreendida entre os estados de Roraima e Amapá, ainda hoje, continua como um grande vazio demográfico, potencializando o risco geopolítico da Região.

O professor Samuel Benchimol enfatizava que “a poluição maior é a da miséria”, e que “os anseios sociais da comunidade nativa não podem ser ignorados em favor de interesses exógenos”. A pobreza vem aumentando, com o crescimento vegetativo da população, que avança a uma taxa superior à média nacional. Segundo o IBGE, são 42% de pobres. Assim, dentre os 24 milhões de habitantes da Amazônia Legal, há cerca de 11 milhões de pessoas na pobreza.

Em acréscimo, a falta de condições de sobrevivência na área rural estimula um fluxo migratório contínuo, que engrossa as cidades e esvazia o interior. Atualmente, 80% dos nativos residem nas cidades, enquanto apenas 20% povoam o imenso deserto verde.

O abandono da Região Amazônica vem sendo inspirado pelas campanhas midiáticas do movimento ambientalista-indigenista internacional, que, sem dúvida, constitui o maior risco à soberania nacional. Outras ameaças menos decisivas provêm da biopirataria, que, de certa forma, é dirigida por esses mesmos grupos de interesse; do crime organizado transnacional e das guerrilhas do entorno estratégico.

Portanto, é preciso superar os óbices existentes, para integrar a Amazônia, desenvolvê-la em bases autossustentáveis e tornar a sua economia autossuficiente.
2. Plano Estratégico de Integração e Desenvolvimento

Um plano estratégico deve englobar um conjunto criterioso de políticas do setor público, com potencial sinérgico para provocar a deflagração de outras atividades do setor privado, atraindo investimentos que lhe complementem o escopo.


Petrobras -  Projeto Urucu

Para a Amazônia, a primeira providência há de ser legislativa e midiática. É preciso substituir o paradigma da “preservação ambiental” pelo da “sustentabilidade”, isto é, a preservação do equilíbrio ecológico. O ser humano não pode ser considerado um intruso na natureza. Se esse sofisma fosse verdadeiro, a Terra já teria entrado em colapso, devido à explosão populacional dos dois últimos séculos. Como exemplo, o projeto URUCU da Petrobrás mostrou que é possível explorar sem degradar.

Nesse contexto, também, é preciso reverter o paradigma da “interação indígena”, introduzido na Constituição Federal de 1988, por pressão do movimento indigenista internacional, retornando o País à política tradicional de “integração do índio à comunhão nacional”, como previsto no Estatuto do Índio, a fim de lhe proporcionar as condições de acesso ao progresso. A massa de 68,5% de mestiços na composição populacional da sociedade nativa indica o caminho natural a ser seguido, desmentindo as teses artificiais dos chamados “antropólogos da ação”. Essa providência visa a contribuir para a integração psicossocial da Região e do Brasil.



Organização do Tratado de
Cooperação Amazônica
O passo seguinte é estimular a formação de um grande mercado regional na Amazônia brasileira, a fim induzir atração gravitacional sobre as economias circunvizinhas, sem depender das hesitações dos condôminos da OTCA. Para isso, aplicar um plano de desenvolvimento regional integrado e autossustentável, com as ações propostas a seguir, a fim de reverter a matriz econômica extrativista, tornando a Região autossuficiente.

Conectar fisicamente o território brasileiro a todos os países condôminos da Pan-Amazônia, a despeito das restrições existentes, como reservas indígenas e áreas da proteção ambiental contíguas à Faixa de Fronteira. Esses entraves foram criados, exatamente, para impedir ou retardar a integração.



Conceber um programa de infraestrutura, a exemplo do antigo POLAMAZÔNIA, que estimule investimentos públicos e privados para efetivar a vocação geoeconômica de Belém como entreposto de comércio internacional; de Manaus, como centro regional; de Vilhena e Porto Velho, como entrepostos entre a região Centro-Oeste e a Amazônia; e da região Acre/Rio Branco, como grande entreposto entre o Brasil e o Oceano Pacífico.


Desatar as restrições ambientais e indigenistas de Roraima, a fim de liberar o desenvolvimento do Estado, reativando o seu potencial agropecuário e mineral. Cabe observar que o território roraimense está inserido no espaço geopolítico definido como “Ilha da Guiana”, uma área de exclusão socioeconômica preconizada pelos centros decisórios do movimento indigenista-ambientalista internacional.

Planejar a autonomia progressiva do território do Alto Rio Negro/S. Gabriel da Cachoeira, mediante uma evolução institucional e da sua infraestrutura econômica e social.

Construir o complexo hidrelétrico do rio Trombetas, a fim de prover energia para o médio Amazonas, viabilizar a exploração do alumínio e expandir o polo estratégico de Oriximiná.
Transformar os canteiros dos empreendimentos hidrelétricos federais na Região em polos de desenvolvimento econômico e social.



Paralelamente, vitalizar a presença diplomática e de inteligência junto aos centros decisórios do movimento indigenista-ambientalista internacional, antecipando providências e neutralizando as suas campanhas midiáticas.
Simultaneamente, “quebrar o braço nacional” desse mesmo movimento, por meio de um controle estrito sobre as ONGs internacionais que operam no Brasil e suas subsidiárias nacionais. Essa estratégia implica estancar as transferências de recursos públicos para as ONGs indigenistas e ambientalistas, amparadas no Termo de Parceria previsto no Art. 2º da Lei das OSCIPs (Lei 9790, de 23 de março de 1999).

E, objetivando contribuir para a integração física dos centros estratégicos regionais, recomenda-se a execução dos seguintes projetos:

- restauração e pavimentação da rodovia BR-319 (Manaus-Porto Velho);
- pavimentação da rodovia BR-163, para efetivar a ligação alternativa entre o Centro-Oeste (Cuiabá) e o Médio Amazonas (Santarém);
- pavimentação da rodovia Transamazônica, no trecho entre Altamira/PA a Humaitá/AM. Cabe esclarecer que é falso o noticiário de que essa estrada degrada o ecossistema amazônico, pois o seu traçado desenvolve-se na faixa de transição entre os ecossistemas da Bacia Amazônica e do Cerrado do Centro-Oeste.
- proteção do fluxo rodoviário regional, com a presença permanente da Polícia Rodoviária Federal em todas as rodovias federais.
- construção de um complexo rodoferroviário e de transmissão de energia e dados sobre o rio Amazonas, na região de Óbidos/PA, para integração da Calha Norte e do polo de Oriximiná/PA à região de Santarém.

No campo da saúde, criar programas destinados à erradicação das principais moléstias tropicais que flagelam a população nativa. Para isso, vitalizar e integrar os centros de pesquisa científica sediados em Manaus e Belém e estender a rede de pesquisa de campo às regiões endêmicas, visando ao desenvolvimento de vacinas e medicamentos de ponta.

No campo da Ciência e Tecnologia, implementar um plano estratégico de pesquisa e desenvolvimento, vitalizando e integrando as atividades e a comunidade científica dos institutos de pesquisa de Manaus e Belém (INPA, EMBRAPA, EMÍLIO GOELDI e outros). Fomentar, prioritariamente, os projetos de estudo e pesquisa do solo, da água e da flora, voltados à agricultura, à silvicultura, à fitoterapia e à aquicultura, assim como a atividade de extensão rural.

No quadro das políticas sociais governamentais, criar programas de nutrição, saúde e educação específicos para os indígenas e a população rural da Faixa de Fronteira. Mediante alterações na legislação geral, atribuir um tratamento preferencial aos indígenas, para ingresso no serviço público dessas áreas, priorizando o seu recrutamento como técnicos de saúde, vigilantes sanitários, fiscais de órgãos federais e outros serviços. Formar mão-de-obra indígena, para depois absorvê-la no serviço público, considerando que a melhor estratégia de assimilação é pelo recrutamento de seus membros para a assistência social às suas próprias comunidades.
Esta proposta, que se inspira no trabalho do marechal Rondon, poderia ser concretizada com o apoio do Exército.

Finalmente, aumentar a presença militar no território, consoante o planejamento das Forças Armadas, e ampliar as atribuições da autoridade militar, concedendo-lhe poder de polícia em toda a Amazônia Legal, em acréscimo à sua destinação constitucional.


3. Epílogo



A indecisão política e as condições adversas geradas por pressões e outros óbices têm postergado indefinidamente a solução dos problemas amazônicos. Enquanto isso, cresce a população, potencializam-se as carências e esvai-se a esperança.


Como ficou demonstrado pelos jornalistas Lorenzo Carrasco e Silvia Palácios, em seu livro Quem Manipula os Povos Indígenas Contra o Desenvolvimento do Brasil, há uma estranha convergência de interesses socialistas e capitalistas ligados à Amazônia, em conspiração contra a soberania brasileira, fazendo com que grupos de aguerridos militantes de esquerda batalhem por objetivos inconfessáveis da elite capitalista global.

Em resposta a esse cenário conflituoso, este trabalho sintético visa a contribuir com uma agenda de propostas específicas para a conscientização patriótica em torno de um interesse nacional tão candente.


Um século depois, o brado de alerta de Euclides da Cunha, no auge do ciclo da borracha, permanece a ecoar, ainda mais forte, clamando a atenção das novas gerações: “Se as nossas autoridades não se preocuparem com a Amazônia, mais cedo ou mais tarde ela se destacará do Brasil, natural ou irresistivelmente, como se desprega uma nebulosa de seu núcleo, pela expansão centrífuga de seu próprio movimento”.








Fonte: DefesaNet
Imagens: Google
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