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terça-feira, 23 de abril de 2013

Mídia, uma fábrica de manipulação



Não seria saudável e urgente repensar os meios de comunicação?

Por Franklin Cunha*

A expansão metastática da violência se constitui num dos vetores principais do processo de globalização. A guerra pela produção e pelos mercados, não é paralisada pelos limites territoriais, temporais e muito menos pelos éticos. Uma vez desencadeada a luta selvagem para a obtenção do poder e dos lucros, não existem mais limites para a capacidade de destruição. O extermínio maciço, organizado e sistemático de populações indefesas, diluído numa tragédia enorme, incessante e infinda, tornam obsoletas as acadêmicas delimitações conceituais entre guerra civil, total, de guerrilhas, justas ou santas, genocídio, limpeza étnica, terrorismo ou corriqueiros latrocínios.

Só as tragédias nos comovem. E só as que nos tocam de perto. Quanto maior a “milhagem“ , menos nos perturbam o número de mortes violentas causadas por fenômenos naturais ou por ações bélicas de quaisquer origens, aparentemente justificadas ou não. De aliviar nossos sentimentos de pena, culpa ou horror - não nos preocupemos – disso a mídia se encarregará.

O capitalismo neoliberal não trata apenas da exclusiva acumulação de capitais, de poder e de liberdades, mas também utiliza e exerce estas três condições para negá-las à maioria das pessoas excluídas do sistema. E nessa tarefa, a mídia exerce um papel fundamental ao “ fabricar consensos “ manipulando fatos e publicando versões do que se passa no mundo, versões essas criadas nas redações dos editorialistas que pensam rigorosamente como seus patrões e esses como seus poderosos anunciantes..

Noam Chomsky
Há vinte e cinco anos, um livro chamado Fabricando Consensos , escrito por Noam Chomsky e Edward S.Herman definiu o novo modelo dos meios de comunicação o qual eles chamaram de Modelo Propaganda. Trataram de interpretar a estrutura dessas empresas comerciais cuja base de lucros são os anúncios, a propaganda que executam de qualquer produto ou idéia para quem mais lhes pagar. O livro revela a origem e a maneira de como são expostas as notícias,em geral originadas nas grandes agências noticiosas que dominam o mercado e as redações dos jornais, revistas e TVs. Na realidade, elas ditam o pensamento de seus leitores e sua ideologia é profundamente conservadora, incentivadora de todos os regimes da direita política e da crença no mercado e na livre iniciativa. Procuram e conseguem influenciar a orientação econômica dos governos sejam liberais ou liberticidas, fazem parte da política econômica, refletindo os desejos do grande capital nacional e transnacional, mas estão sempre disputando e arrancando generosos empréstimos, concessões e incentivos governamentais.

Zizek diz que “ não pensamos a mídia nos pensa” e nos pauta. Há vários dias as manchetes de primeira página são as bombas da maratona de Boston com três mortos e alguns feridos a lamentar. Quando os drones americanos no Afeganistão assassinam famílias inteiras e incendeiam ônibus com crianças, tais fatos ocupam pequenas notas no interior dos jornais e apenas alguns segundos nas TVs. Esta orientação editorial da mídia, revela entre outras coisas que ela está impregnada de idéias racistas, pois faz-nos parecer que vidas de cidadãos americanos valem muito mais do que a vida de seres humanos dos países pobres ora invadidos e violentados pela máquina bélica do Império.

Enfim, os meios de comunicação fazem parte de um complexo financeiro, econômico e ideológico, verdadeira tropa de choque de interesses de grupos econômicos que dominam as finanças globalizadas sejam elas de origem clara ou mesmo claramente obscuras.



*Franklin Cunha é médico


Fonte: Sul21
Imagens: Google (colocadas por este blog)

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