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domingo, 6 de maio de 2012

Palestina, números de uma ocupação execrável

Cairo (Prensa Latina) A ocupação e o bloqueio dos territórios palestinos por parte de Israel, para além de sua inerente natureza espoliadora, revela a perversão de uma prática que anula o desenvolvimento e o autogoverno de um povo, causando-lhe prejuízos milionários.

   

Discursos políticos em múltiplas tribunas mundiais, incluída a ONU, e iniciativas negociadoras dos países árabes e ocidentais, têm sido insuficientes para deter a lenta aniquilação dos palestinos na Cisjordânia ocupada e na sitiada Faixa de Gaza.

A julgar por considerações de Tarik Alami, chefe de temas emergentes e conflitos da Comissão Econômica e Social da ONU para a Ásia Ocidental, uma primeira repercussão da usurpação territorial sionista é o obstáculo à auto-suficiência dos palestinos.

Um relatório apresentado durante o recente seminário sobre o impacto econômico e social desta política sionista no Cairo expôs cifras estarrecedoras da repressão, uso da força, roubo de propriedades e ampliação de assentamentos judeus pelos israelenses, bem como o impacto nos recursos naturais e no meio ambiente.

A economia da Autoridade Nacional Palestina (ANP) sofre anualmente perdas de sete bilhões de dólares por causa da ocupação, o que tem converteu esses territórios numa das economias mais dependentes de ajuda no mundo.

A este respeito, o embaixador da ANP na ONU, Riyad Mansour, assinalou numa entrevista à Prensa Latina que o custo da dominação é facilmente quantificável, daí que, se essa política terminar, "seremos capazes de ser auto-suficientes e não precisaremos de ajuda externa".

Os sete bilhões de dólares que a economia palestina perdeu em 2010 equivalem à quase totalidade do Produto Interno Bruto (PIB) anual, e esse dano foi produzindo privando os residentes na Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Gaza de utilizarem seus recursos naturais.

Terra, água, minerais, gás natural, pesca e outras riquezas incluíram-se entre os recursos impossíveis de explorar pelos palestinos, de acordo com Mansour e de cifras aportadas pela ONU.

Em termos de direitos humanos, 125 palestinos morreram e 2.144 foram feridos pelas forças de segurança e pelos colonos israelenses em 2011, quando mais de dois terços das baixas se produziram em fatos unidos à atividade nos assentamentos judeus.

Segundo a ONU, no ano passado pereceram 16 crianças e outros 441 ficaram feridos por abusos israelenses, um dado que elevou a 1.351 a cifra de jovens mortos por soldados e colonos entre 2000 e 2011.

Desde que se produziu a invasão, em 1967, até 2010 registraram-se mais de 760 mil detenções de palestinos por forças israelenses, incluídos 15 mil crianças, dos quais em média 192 estiveram em prisão em 2011 e ao menos 63 sofreram torturas ou doenças.

Vale recordar que entre 500 e 700 menores palestinos são processados a cada ano em cortes militares de Israel, muitas vezes por participar em mobilizações contra as demolições de casas, uma prática intensificada agora em 80 por cento em relação a 2010.
 

No mínimo, 21.200 palestinos ficaram sem suas moradias de 2004 até hoje como resultado das demolições, deles 620 viram serem demolidas suas residências em 2011, enquanto 1.094 foram forçados a se deslocarem e 4.164 sofreram afetações diretas.


A esses dados referidos à Faixa Ocidental, é preciso acrescentar as 23.500 pessoas ainda sem teto em Gaza devido à impossibilidade de reconstruir 15 mil unidades habitacionais devastadas no enclave durante os bombardeios da Operação Chumbo Fundido (2008-2009).
 

Em Jerusalém Oriental, a parte da cidade santa onde os palestinos aspiram converter em capital de seu futuro Estado, os árabes têm sido vítimas da expropriação de ao menos 23.378.000 metros quadrados desde 1968, e 390 derrubadas de casas desde 2004.
 

As limitações para edificar nessa zona da cidade e a revogação de 13.115 permissões de residência para palestinos de 1967 a 2009, faz com que 60 mil pessoas estejam ameaçadas de se converterem em "sem tetos".

Todos esses ataques ajudam a reforçar uma estratégia de "judaização" dos territórios árabes a partir da ampliação de assentamentos ilegais, segundo denunciaram especialistas durante uma conferência sobre Jerusalém, realizada no final de fevereiro no Qatar.

As estatísticas da referida instância da ONU sustentam que até meados de 2010 viviam 517. 774 colonos em 144 assentamentos que a ONU tacha de ilegais, e em outros 100 bairros ou postos avançados fora dessas colônias, ilícitos inclusive pela lei israelense.
 

 Só a modo de exemplo, no ano passado a taxa de construção em assentamentos israelenses da Cisjordânia e de Jerusalém duplicou o nível das obras de construção dentro de Israel e os extremistas judeus utilizam estradas marcadas só para o acesso de israelenses.

Na Ribeira Ocidental, o Estado sionista anexou 13 por cento do território, segue construindo um muro gigantesco que afeta 855 mil palestinos, mantém 33 mil presos entre essa cerca e a chamada Linha Verde e separou Jerusalém do resto da Cisjordânia.

Cerca de 170 milhões de metros quadrados de terra fértil estão isolados pelo muro de segregação e os assentamentos despejam 40 milhões de metros cúbicos de águas residuais e dejetos sólidos anualmente em solo palestino.

Até dezembro, contabilizaram-se 557 obstáculos, entre postos de controle militar, valetas, montículos de areia e outros meios para restringir o movimento de palestinos dentro de sua própria terra.

Por causa da usurpação israelense, o PIB per capita em 2010 foi 30 por cento menor que em 2000, 22 por cento dos palestinos se sumiu na pobreza em 2009 e a taxa de desemprego cresceu a 24 por cento na primeira metade de 2011.

 
 Pelo menos 1,43 milhão de palestinos sofre insegurança alimentar, duas em cada três crianças em Gaza apresenta reação severa e moderada a traumas e o bloqueio impôs "sacrifícios inaceitáveis, escolhendo com frequência entre alimento, remédio ou água".
 

A inacessibilidade a terras em Gaza causa à economia perdas de aproximadamente 75 mil toneladas métricas de produção potencial anual e a média de acesso a água fresca para consumo doméstico é de 73 litros por pessoa/dia na Cisjordânia e 52 na Faixa.
 

Israel impõe uma zona de restrição de um a 1,5 quilômetro dentro do enclave de Gaza, negando aos palestinos o acesso a 35 por cento dos terrenos cultiváveis.

E ainda, o bloqueio marítimo proíbe pescar para além de três milhas náuticas da costa do Mediterrâneo em Gaza, o que afeta diretamente 65 mil pessoas.

 
 A lista de problemas e indicadores sociais negativos derivados da ocupação israelense é extensa e, sobretudo, ilustrativa do drama de um povo que censura às maiores potências do mundo a seguirem usando dois pesos e duas medidas para abordar o conflito central do Oriente Médio.



*Corresponsável da Prensa Latina no Egito.
 Fonte: Prensa Latina, IraNews
 Imagem: Google

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