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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

ONU, Malvinas e a militarização do Atlântico Sul

A Argentina acaba de obter uma importante vitória diplomática ao conseguir a intervenção do secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, como mediador entre Buenos Aires e a Grã-Bretanha para a disputa sobre a soberania das Ilhas Malvinas.

Essa controvérsia estava concentrada até agora em declarações e pronunciamentos dos governos de ambos países, em especial do sul-americano ante cada ação de Londres em torno do arquipélago que ocupa à força desde 1833.

No contexto da organização mundial, a postura argentina também está apoiada desde a década de 1960 por uma sucessão de resoluções do Conselho de Segurança, da Assembleia Geral e do Comitê de Descolonização da ONU.

E, no plano internacional, por declarações de agrupamentos regionais como o Mercado Comum do Sul, a União de Nações Sul-americanas, a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos e as Cúpulas Ibero-americanas.

No entanto, faltava um forte impulso à longa batalha dos argentinos para poder exercer sua soberania sobre as Ilhas Malvinas, Georgias do Sul, Sandwich do Sul e os espaços marítimos circundantes.

O estopim para a nova e exitosa campanha diplomática realizada na sede da ONU pelo chanceler da Argentina, Héctor Timerman, foi a crescente militarização do Atlântico Sul empreendida pelo Reino Unido.

A denúncia do reforço bélico de Londres nessa região, sem descartar a introdução de armas nucleares, ocupou o centro das reuniões que o ministro sustentou na sede da ONU em Nova York com os presidentes do Conselho de Segurança e da Assembleia Geral e o próprio Ban Ki-moon.


Também com o titular do Comitê de Descolonização, Pedro Núñez Mosquera (Cuba), e os embaixadores da Colômbia e da Guatemala - países latino-americanos que neste ano ocupam um assento no Conselho de Segurança.


Com provas documentadas, Timerman mostrou a seus interlocutores e ao corpo de correspondentes na ONU detalhes da militarização da região, como a chegada às Malvinas do submarino nuclear Vanguard, o navio HMS Dauntless e aviões Typhoon com mísseis Taurus, todos de última geração.

Disse que as bases militares britânicas nas ilhas Ascensión, Santa Helena, Tristán de Cunha, Malvinas, Georgias e Sándwich do Sul e no território antártico dominam o Atlântico Sul e o tráfico marítimo e aéreo entre a América do Sul e a África, assim como o acesso aos oceanos Pacífico e Índico.

Trata-se de um controle exercido por uma potência militar que se encontra a 14 mil quilômetros das Malvinas, sublinhou.

Revelou que o governo argentino ainda espera uma resposta de Londres sobre a introdução ou não de armas nucleares na região, como lhe perguntaram vários países preocupados por essa possibilidade.

Em 2003, ocorreu um acidente nas Malvinas durante o transporte de material nuclear entre dois barcos ingleses, o qual pôde derivar em uma propagação de radioatividade.

Como outra prova da escalada militarista britânica na região austral, Timerman indicou que o atual orçamento de Defesa do Reino Unido foi reduzido para todas as suas frentes, menos no relacionado às Malvinas.

Os argumentos argentinos não puderam ser categoricamente desmentidos pelo embaixador britânico na ONU, Mark Lyall Grant, que tratou de enfrentar a ofensiva de Timerman com uma coletiva de imprensa na qual se limitou a afirmar que "nada mudou em relação a nosso posto de defesa nas ilhas" Malvinas.
Não obstante, admitiu que há submarinos nucleares de bandeira britânica "por todo o mundo" e que Londres aumentou seu poder militar nesse arquipélago desde 1982, quando a Argentina e seu país entraram em guerra, custando a vida de 649 argentinos e 255 ingleses.


O enviado de Buenos Aires também chamou a atenção sobre a vigência do Tratado de Tlatelolco, subscrito por todos os países da América Latina e que converteu a região em uma zona livre de armas nucleares.

Timerman criticou a reiterada negativa do Reino Unido de retomar as negociações dispostas pela ONU e as ilegais medidas unilaterais ditadas por Londres para a extração e exploração de recursos naturais renováveis e não renováveis na área da controvérsia. Uma atuação que cobra maiores dimensões dada a condição da Grã-Bretanha como um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, órgão encarregado de velar pela paz e segurança internacionais.

Agora é só esperar pelos passos que deve dar a diretiva da ONU depois de assumir o compromisso de trabalhar para que a antiga potência colonial venha negociar com a Argentina o velho problema das Malvinas.




Fonte: vermelho.org

Imagem: Google (colocadas por este blog)

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