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domingo, 30 de dezembro de 2012

Um mundo melhor para todos



Que a partir de 2013 todos vivam em Paz,  


Que os nossos erros não sejam o nosso fardo, 

Mas a experiência para decisões melhores,  


Que as diferenças não justifiquem problemas, 
Mas que mostrem soluções diferentes,


Que nesse ano todas as crianças possam brincar, sorrir,
E que o brilho em seus olhos  seja apenas de felicidade, 

Que seus pais não justifiquem discórdia hoje, 
Mas que falem dos sonhos de um futuro feliz,


Que nesse ano a força seja das boas palavras, 
e que as palavras sejam ouvidas,


Que o poder não derrube paredes sobre as pessoas, 
Mas que destrua barreiras entre elas,


Que nesse ano as nações sejam unidas, 
E que a união tenha significado e seja respeitada,


Que os governantes não se esqueçam que a história não eterniza a vida, frágil e passageira, 
Mas apenas pensamentos e ações,


Que nesse ano possamos sonhar,
E acreditar, de coração, que podemos realizar cada um de nossos sonhos,
Que esses sonhos possam ser compartilhados pelo bem,
E que eles tenham força de transformar velhos inimigos em novos amigos verdadeiros,


Que nesse ano possamos abraçar, 
E repartir calor e carinho,
Que isso não seja um ato de um momento,
Mas a história de um começo de uma nova vida. 


Que nesse ano possamos beijar, 
E com os olhos fechados, tocar o sabor da alma,


Que tenhamos tempo para sentir toda a beleza da vida, 
E que saibamos senti-la em cada coisa simples,


Que nesse ano possamos sorrir, 
E contagiar a todos com uma alegria verdadeira,

Que não sejam necessárias grandes justificativas para nosso sorriso, 
Apenas a brisa do viver,


Que nesse ano possamos cantar, 
E dizer coisas da vida,
Que não sejam apenas músicas e letras,
Mas que sejam canções e sentimentos,


Que nesse ano possamos agradecer, 
E expressar a todos: "Muito Obrigado!", 

Que nesse "todos" não sejam incluídos apenas os amigos, 
Mas também aqueles que, nos colocando dificuldades, nos deram oportunidades de sermos melhores.


E assim começamos mais um Ano Novo, 


Um dia que nasce, um primeiro passo, um longo caminho, 
Um desafio, uma oportunidade e um pensamento:

"Que nesse ano sejamos, Todos, Muito Felizes!"









Fonte: Google (adaptado por este blog)
Imagem: Google

"La Dolce Vita" de Yoani Sánchez em Cuba




*Por Salim Lamrani no Opera Mundi

Ao ler o blog da dissidente cubana Yoani Sánchez, é inevitável sentir empatia por esta jovem mulher, que expressa abertamente sua oposição ao governo de Havana. Descreve cenas cotidianas de privações e de penúrias de todo tipo. “Uma dessas cenas recorrentes é a de perseguir os alimentos e outros produtos básicos em meio ao desabastecimento crônico de nossos mercados”, escreve em seu blog Generación Y.
[1]

De fato, a imagem que Yoani Sánchez apresenta dela mesma – uma mulher com aspecto frágil que luta contra o poder estatal e contra as dificuldades de ordem material – está muito longe da realidade. Com efeito, a dissidente cubana dispõe de um padrão de vida que quase nenhum outro cubano da ilha pode se permitir ter.

Mais de seis mil dólares de renda mensal.

A SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa), que agrupa os grandes conglomerados midiáticos privados do continente, decidiu nomeá-la vice-presidente regional de sua Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação
[2] por Cuba. Sánchez, que como de costume, é tão expressiva em seu blog, manteve um silêncio hermético sobre seu novo cargo. Há uma razão para isso: sua remuneração. A oposicionista cubana dispõe agora de um salário de seis mil dólares mensais, livres de impostos. Trata-se de uma renda bastante alta, habitualmente reservada aos quadros superiores das nações mais ricas. Essa importância é ainda maior considerando que Yoani Sánchez reside em um país de Terceiro Mundo em que o Estado de bem-estar social está presente e onde a maioria dos preços dos produtos de necessidade básica está fortemente subsidiada.
Em Cuba, existe uma dupla circulação monetária: o CUC e o CUP. O CUC representa aproximadamente 0,80 dólares ou 25 CUP. Assim, com seu salário da SIP, Yoani Sánchez dispõe de uma renda equivalente a 4.800 CUC ou a 120.000 CUP.

O poder aquisitivo de Yoani Sánchez

Avaliemos agora o poder aquisitivo da dissidente cubana. Assim, com um salário semelhante, Sánchez poderia pagar, a escolher:

- 300.000 passagens de ônibus;
-
6.000 viagens de táxi por toda Havana
[3];
-
60.000 entradas para o cinema;
-
24.000 entradas para o teatro;
-
6.000 livros novos;
-
24.000 meses de aluguel de um apartamento de dois quartos em Havana [4];
-
120.000 copos de garapa (suco de cana);
-
12.000 hambúrgueres;
-
12.000 pizzas;
-
9.600 cervejas;
-
17.142 pacotes de cigarro;
-
12.000 quilos de arroz;
-
8.000 pacotes de macarrão;
-
10.000 quilos de açúcar;
-
24.000 sorvetes de cinco bolas;
-
40.000 litros de iogurte;
- 5.000 quilos de feijão;
- 120.000 litros de leite (caso tenha um filho de menos de 7 anos);
- 120.000 cafés;
- 80.000 ovos;
- 60.000 quilos de carne de frango;
- 60.000 quilos de carne de porco;
- 24.000 quilos de bananas;
- 12.000 quilos de laranja;
- 12.000 quilos de cebola;
- 20.000 quilos de tomate;
- 24.000 tubos de pasta de dente;
- 24.000 unidades de sabão em pedra;
- 1.333.333 quilowatts-hora de energia
[5];
- 342.857 metros cúbicos de água potável
[6];
- 4.800 litros de gasolina;
- um número ilimitado de visitas ao médico, dentista, oftalmologista ou qualquer outro especialista da área de saúde, já que tais serviços são gratuitos;
- um número ilimitado de inscrições a um curso de esporte, teatro, música ou outro (também gratuitos).


Essas cifras ilustram o verdadeiro padrão de vida de Yoani Sánchez em Cuba e dão uma ideia sobre a credibilidade da opositora cubana. Ao salário de seis mil dólares pagos pela SIP, convém agregar a renda que cobra a cada mês do diário espanhol El País, do qual é correspondente em Cuba, assim como as somas coletadas desde 2007.

Com efeito, no período de alguns anos, Sánchez recebeu múltiplas distinções, todas financeiramente remuneradas. No total, a blogueira recebeu uma retribuição de 250.000 euros, ou seja, 312.500 CUC ou 7.812.500 CUP, quer dizer, uma importância equivalente a mais de 20 anos de salário mínimo em um país como a França, quinta potência mundial.

A dissidente, que primeiro emigrou à Suíça depois de optar por voltar a Cuba, é bastante sagaz para compreender que o fato de adotar um discurso a favor de uma mudança de regime agradaria aos poderosos interesses contrários ao governo e ao sistema cubanos. E eles, por sua vez, saberiam se mostrar generosos com ela e permitiriam gozar da dolce vita em Cuba.


*Salim Lamrani é Doutor em Estudos Ibéricos e Latinoamericanos pela Universidade Paris Sorbonne-Paris IV, Salim Lamrani é professor titular da Université de la Réunion e jornalista, especialista das relações entre Cuba e Estados Unidos. 


Referências bibliográficas:
[1] Yoani Sánchez, “Atacado vs varejo”, Generación Y, 5 de junho de 2012. http://www.desdecuba.com/generaciony/ (site consultado em 26 de julho de 2012).
[2] El Nuevo Herald, “Yoani nomeada na Comissão da SIP”, 9 de novembro de 2012.
[3] De Havana Velha até o bairro Playa.
[4] 85% dos cubanos são proprietários de suas casas. Essa tarifa é reservada exclusivamente para os cidadãos cubanos da ilha.
[5] Até 100 quilowatt-hora, o preço é de 0,09 CUP a cada quilowatt-hora.
[6] 0,35 CUP por m³.




Fonte: Solidários
Imagem: Google (colocada por este blog)

Texto da imagem: yohandry.wordpress.com

sábado, 29 de dezembro de 2012

UMA SOCIEDADE DE MATADORES






Por Mauro Santayana
Em 17/12/2012


Uma sociedade que envia seus jovens ao mundo inteiro para matar, em nome dos negócios, não pode espantar-se com os massacres de seus adolescentes e suas crianças, como o de Columbine, e o de anteontem, em Newtown, em Connecticut. Muito da cultura norte-americana tem sido, desde a guerra deliberada contra os índios e o avanço para o Oeste, uma cultura da morte. Para formar exércitos de assassinos, é necessário adestrar seus possíveis integrantes para matar sem vacilações. Para isso é preciso criar os mitos, como os do heroísmo, da coragem, da ousadia, da força física, da astúcia dos predadores, contra os povos indefesos do mundo inteiro. É preciso reduzir o homem ao réptil que foi na origem dos tempos.

Ao mesmo tempo, essa sociedade tem dado ao mundo excepcionais pensadores, escritores e cineastas que, de certa forma, procuram compensar a brutalidade construída para a defesa dos poderosos titãs das finanças e das corporações industriais que, há mais de cem anos, vem conduzindo a economia e a política internacional, em seu proveito.

A idéia de matar é estimulada nos americanos desde a infância. Na adolescência, a arma de fogo, para muitos, é símbolo da masculinidade. E esse apego à violência e ao sangue tem sido exportado ao mundo inteiro pela sua fantástica indústria do entretenimento, na literatura, no cinema e, mais recentemente, nos jogos eletrônicos e nos enlatados da televisão.

A intimidade com o sentimento da morte gera também o medo, o pânico, e a vontade paranóica do suicídio. Todos os massacres nos Estados Unidos, e os que se repetem, por emulação, quase sempre terminam com a morte ou o suicídio dos assassinos.

O massacre de sexta-feira foi o mais pavoroso dos últimos anos. Como lembrou o presidente Obama, as crianças jamais conhecerão a adolescência, a alegria do amor da paternidade e da maternidade. Morreram por nada e, por nada, morreu o assassino.

Não há mais, no mundo, espaço para a segurança e a paz. A pequena cidade onde houve a tragédia era um oásis de sossego em Connecticut, um pequeno estado da Nova Inglaterra preferido por intelectuais e artistas americanos. Nos últimos dez anos, de acordo com as notícias, nela só houve um homicídio.

Preocupam-se muitos em salvar os animais em extinção, como os primatas, as serpentes, os tigres. É bom que sejam salvos: habitam o nosso mesmo mundo. Mas o homem já se encontra em extinção há muito tempo, esvaziado que se encontra do humanismo que o distinguia da vida selvagem. Estamos voltando à pré-história, mas dotados de fuzis, metralhadoras, mísseis e armas nucleares.

Ainda estamos chorando as crianças mortas, mas se o mundo continuar assim, de nossos olhos não descerão mais as lágrimas do sofrimento.





Fonte: Mauro Santayana, Terrorismo Climático
Imagem: Google

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Pra quem acredita, tudo é possível!!!




O meu pai adorava o natal, eu lembro de um natal muito especial, na época eu tinha 12 anos, e já sabía que Papai Noel não existía de verdade.

Todos  os anos meu pai me levava na festa de natal da empresa onde ele trabalhava, e naquele ano não sei por qual razão o Papai Noel contratado não pode comparecer.

Para não decepcionar as crianças que estavam lá meu pai resolveu que ele mesmo vestiria a fantasia de Papai Noel e faría a festa de natal para as crianças.  


E a festa começou,  e no meio da festa anunciam para as crianças a chegada do Papai Noel, tocava uma música que dizia: "eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel...", então, meu pai entra com aquela roupa toda vermelha, as crianças pularam de alegria, correram e o abraçaram, deram-lhe milhões de beijos, meu pai também transbordava de alegria, conversou,  beijou e abraçou cada uma daquelas crianças.

Não posso negar que tive um pouco de ciúmes do meu pai, mas o sentimento que verdadeiramente ficou no meu coração foi de orgulho, um grande orgulho que sentí pelo carinho que meu pai dedicou para aquelas crianças. Quando a festa acabou, eu é que transbordava de alegria em saber que aquele "Papai Noel" ía para casa junto comigo. 

Dezessete anos depois meu pai veio a falecer, desde então o natal passou a ser uma data muito especial para mim.

Após a morte do meu pai, todos os anos na época do natal sempre que vejo um Papai Noel eu enxergo a imagem do rosto do meu pai refletida atrás daquela barba branca  e sinto uma vontade imensa de correr para o Papai Noel, abraçá-lo e dizer:

- "Papai Noel, eu acredito em você!"


(dona do Burgos)


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Ser criança é acreditar que tudo é possível.

É ser inesquecivelmente feliz com muito pouco

É se tornar gigante diante de gigantescos pequenos obstáculos

Ser criança é fazer amigos antes mesmo de saber o nome deles.

É conseguir perdoar muito mais fácil do que brigar.

Ser criança é ter o dia mais feliz da vida, todos os dias.

Fiquei sabendo que você cresceram

E já não acreditam mais em Papai Noel.

Como podem esquecer daquele tempo de criança, onde a fantasia reinava ? 


Hoje seus sonhos são outros...

Mas, cadê a "sua" criança?

Perdeste-a ao longo da vida?

Não estará ela escondidinha no seu coração?

Procure-a!!!

Ela ainda vive dentro de vocês!

Não deixem que seus sonhos morram!

A fantasia nos faz viver, sonhar, desejar...

Façam seus pedidos !

Talvez ele demore um pouco a se realizar
Mas a vida já nos ensinou que tudo tem seu tempo
E nós já aprendemos que há um tempo para lutar,

um tempo para esperar 
e um tempo para ter paciência...
Já aprendemos que se o nosso pedido não se realizar
Pode já ser um grande presente,
Pois, nem tudo que queremos é para o nosso bem,

Então, peguem o seu sapatinho da esperança
Coloque-o na janela do desejo
E aguardem para que seus sonhos
Se tornem realidade.


Depois sorriam, compreendam, de pulos
E agradeçam seu presente de Natal!


Muitos de nós hoje somos adultos, alguns mais outros menos, a verdade é que a criança que existe dentro de nós ainda vive e guarda lembranças do natal. 

Esse é um recado para as crianças que ainda vivem dentro de cada um de nós e que buscam reviver a eterna esperança de ver o seu "Papai Noel" chegar.

Ser criança é o que a gente nunca deveria deixar de ser.


Feliz Natal para todos!!!

E sejam muito, muito FELIZES!!!









terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Quem é o nosso inimigo?







Fonte: Prezado...Cara Pálida

O mundo tornou-se mau?


Diante do flagrante abuso de um super-poder, no caso a União Europeia somada ao FMI, ao eliminar a autonomia dos países independentes que a compõem, pela via de imposições de medidas draconianas de austeridade à população trabalhadora e suas famílias, surgem ofertas atenuantes em nome da solidariedade para distribuírem alimentos e outras formas de esmolas que disfarçam a penúria dominante.

Por Zilah Branco*

"Boas almas" dão o seu tempo e dedicação nessas tarefas caridosas e procuram explicar os perigos que os mais frágeis, principalmente as crianças, correm na vida. O responsável pelo SOS Criança se refere a "este mundo mau", e outros dizem que "a maldade está no ser humano". Não há dúvida de que todo o socorro às pessoas carentes é meritório, mas os cidadãos com alguma formação política e social e os responsáveis pela gestão do Estado não podem ficar encostados na disposição sentimental dos que ajudam para amenizar os efeitos dos erros impostos pela elite poderosa.

Enquanto tentarmos eliminar as "maldades" que se revelam pontualmente em pessoas ou que parecem fazer parte da "natureza do mundo", estaremos alimentando a ignorância dos que preferem manterem-se alheios aos abusos cometidos por quem ocupa uma posição de poder. Este alheamento é uma forma de submissão e de conivência com o crime de criar o mal.

As falsas explicações, baseadas em medos do desconhecido que são atirados para o campo das superstições e das ideias abstratas para negar o conhecimento objetivo da realidade, também são elaboradas pela elite dominante para manter as populações atreladas às informações que manipula, impedindo que se revoltem e conquistem os seus direitos, a sua dignidade, a força construtiva que pertence à humanidade. Assim, a mídia divulgou recentemente em todo o mundo, uma falsa afirmação atribuída à cultura Maia, de que, no próximo dia 21 de dezembro, será o fim do mundo. A Nasa viu-se forçada a declarar que a ciência - de que depende a sua função - nega a crendice ameaçadora divulgada.

As maldades, que se sucedem no nosso mundo, cada vez com maiores requintes de crueldade - vejam-se as chacinas cometidas por norte-americanos em escolas, igrejas e locais públicos; o crime organizado nas grandes cidades brasileiras; o terrorismo nos países invadidos pelas forças militares imperialistas, provocados entre tribos e seitas, em países africanos e asiáticos, impedidos de assumirem o seu desenvolvimento devido ao domínio colonial exercido pelo mercado imperialista; a destruição dos solos tratados quimicamente, como ocorreu na Índia, nas regiões submetidas aos projetos agrícolas criados pelas multinacionais da indústria de inseticidas; a multiplicação de doenças oncológicas favorecida pelo uso indiscriminado de medicamentos criados pelos grandes laboratórios da indústria farmacêutica mundial; a fome que mata milhões de crianças na África e que começa a penetrar as camadas populares da Europa que suportam o desemprego e a austeridade imposta para salvar os setores financeiros da crise do capitalismo; os vírus introduzidos para prejudicar a produção de alimentos; os vírus criados para impedir o uso da informática de maneira independente das grandes empresas multinacionais, etc - todas as maldades são produzidas a partir de uma estratégia de dominação da humanidade pela famigerada elite que detém o poder militar e, com ele, os poderes econômico, social e político no planeta.

Tanto a natureza como os seres humanos estão condicionados no seu desenvolvimento pelas ações realizadas em função do controle do poder. É a ganância e o egoísmo que determinam os abusos de poder em prejuízo dos mais fracos, dos ingênuos, dos ignorantes, de todos os que, de uma forma ou de outra, forem dependentes para sobreviver e desenvolver as suas potencialidades naturais.

Diante do recente massacre de crianças e professores nos Estados Unidos, Obama reconhece o aumento da violência (o quarto que, na sua gestão presidencial, ocorre sacrificando jovens) e que as várias causas não estão sendo combatidas devidamente no país.
Talvez se refira ao controverso porte livre de armas defendido pelos conservadores, mas deve refletir também sobre o discurso a favor das "guerras justas" que proferiu cinicamente ao receber o prêmio Nobel da Paz, que serviu de estímulo aos massacres imperialistas no Oriente Médio e norte da África, onde os povos estão sendo igualmente chacinados.

Como bem disse uma emigrante portuguesa que acompanhou os tristes acontecimentos da escola de Connecticut nos Estados Unidos, "o nosso papel como membros daquela coletividade é o de mostrarmos que estamos identificados com as famílias no seu luto e sofrermos juntos para lhes dar forças". A solidariedade é assim, a solução para os problemas completa o socorro necessário para que os desastres não se repitam, e os governantes são responsáveis por impedirem que a violência e as crueldades não vitimem as populações.

A solidariedade com os que estão oprimidos nas sociedades obriga-nos a buscar a origem das maldades, denuncia-las, lutar pelo fim do seu poder perverso. Em Portugal os movimentos sindicais desenvolvem formas de manifestações permanentes para formar uma consciência popular capacitada a defender os direitos estabelecidos pela legislação do trabalho que reflete os princípios da OIT (Organização Internacional do Trabalho) e exigir do governo uma gestão administrativa avançada e democrática. Só assim a população pode fiscalizar, com conhecimento objetivo da realidade nacional, o que os governantes e as instituições do Estado estão cumprindo em benefício da nação.

Ao longo do ano de 2012 esta formação cívica nacional evoluiu e hoje não restam dúvidas de que os atuais governantes estão subordinados às pressões externas contra os interesses do povo português. O Orçamento Nacional terá de ser examinado pelo Tribunal Constitucional e, se provada a inconstitucionalidade das medidas ( como ocorreu em 2011 e absurdamente aprovado precariamente), o governo terá de ser substituído. Em uma manobra política, de acordo com a explicação de analista da RTP (16/12/12), o presidente da República, Cavaco Silva, aprova primeiro e subordina depois ao Tribunal Constitucional para que "externamente possam prosseguir as relações financeiras e de mercado" (cit.RTP), e que, só quando a Assembleia de Deputados exigir, o Tribunal reconhecerá a necessidade de um novo governo. A manobra é bastante rasteira, mas os defensores deste governo desacreditado, como o analista político da RTP, não encontraram melhores alegações.

O movimento sindical, liderado pela CGTP e apoiado pela esquerda de vários partidos, pacientemente continua a construir uma consciência nacional de cidadania que conquista a admiração dos demais países na Europa e se expande nacional e internacionalmente. Na verdade, a participação popular se faz em torno da questão do trabalho - que é o eixo da vida dos cidadãos - e das condições de produção, que o país oferece, e da legislação, que as instituições do Estado registram e aplicam de acordo com a história coletiva daquele povo. Cabe aos trabalhadores organizados apontar caminhos de desenvolvimento e fiscalizar a conduta dos governantes.




* Zilah Branco é socióloga, militante comunista e colaboradora do Vermelho


Fonte: Vermelho
Imagem: Google

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Penhasco fiscal




Por Beatriz Fagundes


O aperto fiscal da Grécia produziu violentos confrontos na semana passada, depois que o governo do país, coalizão de três partidos, voltaram a adotar os cortes orçamentais.


Em meio às nefastas possibilidades anunciadas pelos "milenaristas", aqueles que há séculos preveem o fim do mundo, não podemos desconsiderar a periclitante questão econômica norte-americana e europeia. Queiram ou não, essas supostas profecias acompanham a ideia de que estamos prestes a um "Fim" singular e definitivo; desculpem a redundância. Kurt Nimmo, jornalista do Infowars, trata com rigor, em um outro ângulo, os momentosos acontecimentos prováveis desta quadra na história da humanidade. Ações caíram novamente devido aos temores do penhasco fiscal se aproximando rapidamente nos Estados Unidos e uma falha por ministros das Finanças da zona do euro e do FMI (Fundo Monetário Internacional) para decidir como a Grécia resolverá sua dívida soberana e pagará os banksters no Société Générale, Deutsche Bank, Eurobank, e outras instituições de agiotagem. "Esta manhã (da semana passada), as razões du jour começaram com a Europa e o tumulto sobre a Grécia e então você tem o penhasco fiscal", Michael Holland, presidente da nova-iorquina Holland & Co, disse a Bloomberg News.

Em meio ao fraco desempenho do mercado de ações, o governo de Barack Obama convidou políticos do establishment de topo no Congresso para a Casa Branca no final desta semana para elaborar um plano para evitar o penhasco chamado fiscal. Em meio à visita de algumas das maiores corporações transnacionais do mundo, que estarão presentes, incluindo a American Express, Ford Motor e a Honeywell International. "Nós não estamos fora de perigo ainda", disse Guillaume Duchesne, estrategista de ações na BGL BNP Paribas SA, em Luxemburgo. Ele acrescentou que a resolução da crise financeira que ameaça estender a recessão no futuro próximo depende da liderança de Obama. John Fleming: "não vai ser tão fácil, em breve, especialmente com Obama no comando". "Parece que nós vamos ter que passar pela mesma dor ou similar [a Grécia] para obter reformas reais", disse o republicano ao Daily Caller. Ele declarou que, se a tendência econômica atual não for revertida, o que acontecerá é que vai ser um dia de ajuste de contas que fica em uma situação grave em que temos de fazer escolhas super difíceis.

O aperto fiscal da Grécia produziu violentos confrontos na semana passada, depois que o governo do país, coalizão de três partidos, voltaram a adotar os cortes orçamentais 18.5BN de euros em 2016. Manifestantes atiraram coquetéis molotov e pedras contra a polícia, que responderam com granadas de efeito moral, gás lacrimogêneo e o primeiro uso de canhões de água na Grécia em anos, de acordo com o The Telegraph.

"Os norte-americanos podem pensar que esse tipo de coisa não pode acontecer aqui, mas os globalistas pretendem derrubá-los também", jornal que escreveu em 7 de novembro como os motins começaram na Grécia. "A crise econômica é uma queimadura lenta que acabará por levar à violência, mas os norte-americanos não estarão apenas jogando coquetéis molotov". O povo norte-americano está armado até os dentes!

Para não enfrentar um arrocho automático e caírem no "abismo fiscal", os Estados Unidos têm até 31 de dezembro para decidir como cortar 2,1 trilhões de dólares em gastos nos próximos dez anos e se manterão às reduções de impostos definidas pelo governo Bush. Seja aos 45 minutos do segundo tempo (entre o Natal e o Ano Novo) ou já na prorrogação (nos primeiros meses do ano que vem), os especialistas acreditam que haverá um acordo para definir o que vai ser cortado e de que forma. 

A reeleição de Barack Obama teve um efeito imediato. Logo após os votos dos eleitores norte-americanos terem sido contados, o setor de armas de fogo viu suas vendas aumentarem de forma fenomenal. Observem como "atiradores" suicidas se acumulam nos últimos dias na terra do Tio Sam. Seria para garantir apoio popular à proibição de porte de armas no país, que se destacou por mais de um século no quesito "direitos individuais?".
A conferir!


Fonte: O Sul

Imagem: Google



domingo, 16 de dezembro de 2012

Fiasco global da “energia limpa”



A derrocada das ilusões com as fontes energéticas ditas “renováveis” se espalha por todo o mundo. Além da União Européia (UE), o bloco que mais investiu na geração de eletricidade com fontes eólicas e solares, também a China, apontada como futura líder do setor, confronta a realidade dos altos custos e da inadequação técnica de tais alternativas.

Enquanto isso, um dos grandes investimentos anunciados pela União Européia nas energias “verdes”, o projeto Desertec, também enfrenta um estrondoso fracasso, diante da fuga de investidores.

Projeto Desertec

Segundo analistas do mercado de energias “renováveis”, cerca de um quarto das fazendas eólicas construídas na China não estão conectadas ao sistema elétrico do país asiático, como reflexo de planejamento deficiente, insuficiências de linhas de transmissão e, sobretudo, das preocupações técnicas com a intermitência deste tipo de geração, uma vez que a produtividade destas usinas varia conforme as mudanças no regime de ventos. Conforme relatos da imprensa local, os problemas nos aerogeradores têm causado blecautes em três províncias, enquanto explosões nos equipamentos já resultaram em dezenas de mortes de trabalhadores (Alfin2300.blogspot.co.uk, 22/11/2012).

Em meio a tal cenário, as fabricantes chinesas de turbinas eólicas e painéis solares estão sofrendo crescentes prejuízos, devido à queda na demanda dentro e fora da China. Segundo analistas do setor, nos últimos anos, foram investidos cerca de 30 bilhões de dólares no desenvolvimento da indústria de energia renovável do país, que agora se encontra profundamente endividada.

Diante da crise, as indústrias do setor estão cortando gastos, em um esforço desesperado para garantir a sua sobrevivência. Este é o caso da Suntech Power Holdings (STP), que anunciou, em setembro, a demissão de 1.500 trabalhadores da sua fábrica de células fotovoltaicas, na província de Wuxi, tendo recebido mais de 32 milhões de dólares em empréstimos do governo, com a finalidade de evitar novos cortes de postos de trabalho.
Já a LDK Solar, a segunda maior fabricante de painéis solares do país, foi forçada a vender 20% de suas ações, em meio aos preparativos para publicar um relatório informando um prejuízo de 987 milhões de dólares, apenas este ano.

Os prejuízos também são altos na indústria de energia eólica, responsável por 40% de toda a capacidade instalada deste tipo de fonte energética no mundo. Um caso típico é o da estatal China Datang Coportarion Renewable Power, uma das principais indústrias de eólicas do país, que sofreu uma queda de 76% nos lucros no ano corrente.
Já a Sinovel Wind Group, a maior fabricante de turbinas do mundo (em valor de mercado), registrou um prejuízo de 45 milhões de dólares desde o início deste ano, como consequência de uma queda de 82% nas suas vendas.

Pavel Molchanov
Ou seja, apesar dos generosos subsídios e socorros do governo, as indústrias de “energia limpa” chinesas, assim como muitas de suas contrapartes ocidentais, vão muito mal das pernas. Segundo Pavel Molchanov, analista da companhia de investimentos estadunidense Raymond James & Associates, os balanços da indústria chinesa de usinas solares encontram-se numa situação tão deplorável, que elas «seriam candidatas à bancarrota iminente, caso fossem companhias americanas ou europeias».


Outro analista do mercado de energia “verde”, Aaron Chew, do Maxim Group (sediado em Nova York), afirmou que:

«Os planos de subsídio do governo [chinês] são melhores do que nada, mas eu não acho que isso irá salvar tais indústrias do fato de serem pouco lucrativas.»



Movimento de Solidariedade Íbero-americana

Créditos ➞ este artigo foi apresentado no Boletim Eletrônico MSIa INFORMA, do MSIa – Movimento de Solidariedade Íbero-americana, Vol. IV, No 24, de 30 de novembro de 2012. Grifos meus.

MSIa INFORMA ➞ é uma publicação do Movimento de Solidariedade Ibero-americana (MSIa). Conselho Editorial: Angel Palacios, Geraldo Luís Lino, Lorenzo Carrasco (Presidente), Marivilia Carrasco e Silvia Palacios. Endereço: Rua México, 31 – sala 202 – Rio de Janeiro (RJ) – CEP 20031-144; Telefax: 0xx 21-2532-4086.

Para saber mais sobre o tema ➞ visitar os sites da MSIa/Capax Dei: http://www.alerta.inf.br/ e http://www.msia.org.br/.

Mensagens e sugestões ➞ favor enviar para msia@msia.org.br


Para adquirir as publicações da Capax Dei Editora Ltda. ➞ loja virtual em: www.capaxdei.com.br; e-mail : capaxdeieditora@gmail.com




Fonte: Blog do Ambientalismo
Imagens: Google (colocadas por este blog)



Mídia brasileira ataca ´Ley de Medios` argentina por temer projeto semelhante no Brasil





 Por Gabriel Brito e Valéria Nader *

Após cinco anos de sua idealização, a Argentina conseguiu concretizar a vigência de uma nova Lei de Mídia, redigida a fim de regulamentar a arena das comunicações e reordenar a ocupação do espectro eletromagnético, quebrando os monopólios da mídia comercial. Neste contexto, vários anos se passaram com os mesmos grupos empresariais dominantes bombardeando o governo de Cristina Kirchner, que estaria a “atentar contra a liberdade de expressão”.

Dessa forma, é para elucidar a chamada Lei de Serviços de Comunicação Audiovisuais que o Correio da Cidadania entrevistou o estudioso das comunicações, e editor da revista Caros Amigos, Laurindo Lalo Leal Filho. Com anos de estudo sobre os diferentes níveis de regulação midiática encontrados mundo afora, Lalo assegura que a nova lei é da mais alta consistência, além de amplamente debatida na sociedade: “são dois os grandes aspectos: o teórico-acadêmico e o da sustentação política”.

Como se trata de uma legislação que assegura grande parte das concessões audiovisuais para veículos de comunicação estatais e comunitários, abrindo grande campo para que movimentos e expressões sociais, inclusive minoritários, se manifestem, não foi nada imprevisível o rancor da mídia burguesa, cujos veículos comerciais se apresentam como únicos arautos da democracia.

“A Sociedade Interamericana de Imprensa (órgão que representa a mídia comercial nas Américas) é uma organização que não possui nenhuma legitimidade em relação à sociedade e às populações sobre as quais ela pretende influenciar. É uma organização empresarial, de um setor comercial das comunicações, defendendo os interesses de quem representa”.

Para avançarmos no debate da democratização das comunicações, Laurindo Lalo também recomenda que a lei argentina seja estudada nas escolas de comunicação do país, o que poderá gerar uma real compreensão de sua importância. Uma boa saída para o Brasil, haja vista nosso atual estágio de monopólio midiático, ao lado das dificuldades a serem enfrentadas para a aprovação de uma lei com tal conteúdo em um Congresso densamente permeado pelos interesses dos donos de concessões rádio-televisivas.

“Acredito que não só este governo, mas todos têm um receio muito grande de enfrentar esses poderosos grupos de comunicação. Acho que o fantasma do golpe de 64 perdura até hoje. É uma disputa bastante difícil, mas que aqui no Brasil já está passando da hora”.

A entrevista completa com o jornalista pode ser lida a seguir.

Correio da Cidadania: Como o senhor analisa o projeto da Lei de Serviços de Comunicação Audiovisuais, promulgada pelo governo argentino em 2009 e que passou a vigorar a partir do último dia 7 de dezembro, ainda que sob embargo de instâncias intermediárias da justiça local?

Laurindo Lalo Leal Filho: Por ora está embargado, é preciso aguardar um pouco, mas nos próximos tempos devemos ter nova decisão. De toda forma, avalio que essa lei de regulação audiovisual é a mais moderna e avançada de todo o mundo no momento. Serve como exemplo para a América Latina. São dois os objetos centrais da formulação da lei – de 2007. O primeiro é de que foi construída a partir de uma ampla análise jurídica e até acadêmica das legislações hoje existentes em países democráticos de todo o mundo, em relação à radiodifusão. Ela incorpora o que há de mais moderno e avançado em legislações da Europa, EUA e até América Latina.

A lei é muito consistente do ponto de vista teórico, pois, incorporando um pouco de cada uma das leis estudadas, avança para além delas, inclusive sobre os recentes avanços tecnológicos, respondendo também às exigências tecnológicas de hoje. Tenho dito que é muito importante que as escolas de comunicações estudem essa lei, discutindo-a com seus alunos, pois a partir daí vão descobrir como os países democráticos estão estruturados para dar conta das novas tecnologias da comunicação hoje em dia, no campo do audiovisual.

O segundo aspecto que dá consistência à lei é o fato de ter sido formulada através de um amplo debate na sociedade. É uma lei claramente construída de baixo pra cima. Quem tiver paciência de olhá-la por inteiro, poderá perceber que vários artigos e determinações são oriundos de propostas feitas por entidades do movimento social, dentre outras representações da sociedade, incluindo empresariais. Não foi formulada por um grupo fechado, de políticos ou acadêmicos, e imposta à sociedade. Começou com algumas e chegou, ao final de sua elaboração, a contar com praticamente 300 organizações sociais. É uma lei amplamente democrática, consolidada a partir da vontade popular.

Portanto, são dois os grandes aspectos: o teórico-acadêmico e o da sustentação política.


Correio da Cidadania: A seu ver, quais são os pontos mais importantes e que justificariam a aprovação da “Ley de Medios”?

Laurindo Lalo Leal Filho: O primeiro e mais polêmico, que segue dando pano pra manga e foi o que mais dificultou a aprovação da lei, é aquele que rompe um processo não só argentino, mas latino-americano, de concentração dos meios de comunicação nas mãos de poucos grupos. Esse é o aspecto central, pois faz com que a lei amplie a liberdade de expressão na Argentina. Ou seja, um espectro eletromagnético hoje ocupado por poucos grupos passa a ser ocupado por um número maior de atores. Setores da sociedade que estão calados por não terem espaço de colocarem suas vozes terão agora a oportunidade. Como diz o documento “Hablemos todos”, todos têm o direito de falar.

Assim, esse é o aspecto prático mais importante da lei, dividindo o espectro de forma mais equilibrada, seja para as emissoras públicas, estatais ou comerciais. É uma lei que amplia a liberdade de expressão ao mesmo tempo em que quebra monopólios. Isso tem um desdobramento político muito importante porque representa um aprofundamento da democracia. Não é só uma questão do campo das comunicações. Quando se amplia o número de vozes, idéias e valores, amplia-se a participação democrática da sociedade. Exemplo disso é o ponto que garante o espaço também para os grupos originários, como o de Bariloche, cujo grupo de habitantes de povos originários está colocando no ar sua emissora de TV. Um grupo que sempre esteve calado. Mas, com um terço do espaço reservado às emissoras públicas, agora também poderão falar à sociedade.

Portanto, esse é o aspecto fundamental, a voz a setores sempre silenciados. Mas existem outros, como a garantia da produção nacional, o que abre espaço a muitos grupos que querem mostrar seu trabalho. Há a classificação indicativa estabelecida em lei, porcentagens máximas de publicidade, enfim, uma série de aspectos, todos voltados não só ao aumento da participação pública, mas também à qualidade do que é oferecido ao público.


Correio da Cidadania: Como se viu, é necessário um grande movimento para levar adiante um combate aos monopólios midiáticos, tocando fortes interesses políticos e econômicos com diversos tentáculos de influência. O que teria a dizer, neste sentido, da decisão parcial da justiça de permitir que o grupo Clarín siga adiando seu processo de desmembramento, no qual deve abrir mão de boa parte de seus veículos de comunicação?

Laurindo Lalo Leal Filho: O grupo Clarín, como o grupo Globo aqui, foi ocupando os espaços, gradativamente, pela falta de uma presença mais forte do Estado na regulação. Quando o espaço estava vazio, era como um terreno baldio, e foi se criando o latifúndio. E depois se consolidou um grupo muito forte, como se viu, com 240 concessões de TV a cabo, 4 de TVs abertas, 9 emissoras de rádio AM e FM... É um grupo que tem um poder econômico e político muito grande.

Se fosse qualquer outro ramo social ou comercial, poderia ter só o poder econômico. O problema nas comunicações é que, quando se detém o poder econômico, também se detém o poder político. É um poder muito grande, que sempre se confrontou com o Estado, jogando muita influência sobre os outros poderes, isto é, o legislativo e judiciário. O poder judiciário também sofre muitas pressões do grupo Clarín. A lei foi promulgada em outubro de 2009 e até agora não se conseguiu aplicá-la pelas diversas ações promovidas pelo grupo Clarín sobre os vários poderes.

Superados pelo executivo e legislativo, que já deram vigência à lei (o judiciário também, em suas instâncias maiores), restam as instâncias intermediárias do judiciário para pressionar e conseguir recursos no sentido de adiar a aplicação da lei. O que acontece agora é uma disputa entre um grupo poderoso e os poderes da República.


Correio da Cidadania: O que você responderia aos setores críticos da lei, inclusive aqueles do próprio meio midiático, como a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP)?

Laurindo Lalo Leal Filho: A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) é uma organização que não possui nenhuma legitimidade em relação à sociedade e às populações que ela pretende influenciar. É uma organização empresarial, de um setor comercial das comunicações, defendendo os interesses de quem representa. Quer defender os mercados nos quais atua. Portanto, não tem sustentação política alguma.

É uma organização comercial, que tem a sustentá-la empresas comerciais da América que sempre sustentaram governos conservadores e até ditaduras. As ditaduras da América latina, dos jornais e da própria SIP. Basta lembrar que ela foi fundada durante a ditadura de Fulgencio Batista, antes da revolução cubana. Tem uma articulação com os regimes conservadores de direita muito grande.

Na verdade, quando esses governos populares da América Latina – como os da Argentina, Bolívia, Equador, Venezuela – começaram a colocar algum limite ao poder de seus filiados, a SIP obviamente saiu em defesa deles. Mas é uma defesa de mercado, não tem nada a ver com cidadania, liberdade de expressão, de imprensa. Tem a ver com os interesses comerciais das empresas que a SIP representa.


Correio da Cidadania: Ainda quanto às críticas à nova lei, e talvez nesse mesmo sentido explicado, a maioria dos meios de comunicação de nosso país bombardeia que, a despeito de serem razoáveis as precauções contra o monopólio das comunicações, o que se vê na Argentina é uma “descarada perseguição movida pela presidente Cristina Kirchner contra um grupo de mídia, o Clarín, cujo principal pecado é publicar reportagens e opiniões que a desagradam” (segundo Editorial da Folha de S. Paulo, 09/12/2012). O que diria frente a um argumento desta natureza?

Laurindo Lalo Leal Filho: É uma forma de distorcer o debate, ofuscar o debate real. A mídia ressalta essa divergência existente entre o governo e o grupo Clarín para esconder a realidade da lei, que é a ampliação da liberdade de expressão. Pegam um aspecto – o confronto – e o colocam em destaque. O grupo Clarín representa hoje a oposição política ao governo Cristina. Mas isso é um aspecto parcial, é direito deles fazer oposição ao governo. Isso não tem nada a ver com uma questão muito maior, o debate em torno da ampliação do espaço para outras vozes e grupos, a fim de que possam estes também se manifestar.

Pra deixar claro, a lei não toca em momento algum nos meios impressos. É uma lei de comunicação audiovisual. E quando os jornais, como Folha, Estadão e Globo, falam em “ataques do governo ao Clarín” parece que o governo argentino está querendo intervir no jornal Clarín. Este jornal continuará fazendo o que faz hoje, com liberdade total. O que acontecerá com a aplicação da lei é que o grupo Clarín, não o jornal, será obrigado a abrir mão de licenças de rádio e TV que vão além do limite estabelecido pela lei.

Creio ser um aspecto importante porque aqui no Brasil os meios de comunicação gostam de misturar mídia impressa com eletrônica. A lei argentina é sobre a mídia eletrônica. A lei de mídia que se começa a discutir no Brasil também é sobre a mídia eletrônica. Porque a nossa lei é de 1962. O que esses grupos brasileiros fazem, para atacarem a Ley de Medios argentina, na verdade revela seu temor de que o exemplo argentino sirva de inspiração para os movimentos populares do Brasil e leve, finalmente, o governo a apresentar projeto de lei semelhante. O governo Lula, no final de seu segundo governo, através de seu ministro Franklin Martins, chegou a deixar pronto o projeto de lei, repassado ao governo Dilma para ser levado ao Congresso, guardando semelhanças com a Ley de Medios argentina.

Portanto, a carga que a mídia brasileira traz sobre o projeto argentino é uma forma de tentar evitar uma “contaminação” no cenário brasileiro pelo avanço ocorrido na Argentina.


Correio da Cidadania: E trazendo o assunto para o Brasil, como acredita que deveríamos olhar para a lei argentina e que tipo de debate podemos levar adiante?

Laurindo Lalo Leal Filho: Já cansamos de falar, mas o Brasil está atrasado em mais de 50 anos. A lei brasileira das comunicações é de 1962, assinada por João Goulart, e mesmo assim houve uma série de vetos deste governo, que foram derrubados por um Congresso onde os rádiodifusores tinham domínio total - como continuam tendo, configurando o poder que sempre se contrapôs ao avanço de uma legislação da área no Brasil.

Temos muita dificuldade em avançar porque essa é uma questão que ainda não está enraizada no Brasil. Não temos massa crítica para um debate público e popular, como o que existe na Argentina. Mas estamos avançando. Se formos pensar em quinze anos atrás, não tínhamos o debate que hoje já temos. O principal exemplo foi a realização da Conferência Nacional das Comunicações, no final de 2009, que mobilizou entidades da sociedade em número já razoável, indo além dos debatedores tradicionais, que eram as universidades, os sindicatos... Hoje não, temos associações de classe, mulheres, movimento negro, movimentos sociais, entidades regionais, que já começam a discutir pelo país a criação de uma Lei de Mídia.

O caminho para acompanharmos esse processo natural é mais ou menos o modelo argentino. É preciso enraizar socialmente o debate, mas é preciso também contar com o governo. Apesar de toda essa participação popular, o impulso final foi dado pelo governo de Cristina Kirchner, que sem dúvida alguma sancionou a lei usando, principalmente, os canais públicos de rádio e TV para conseguir levar o debate à sociedade. Enquanto isso não acontecer, fica muito difícil para o cidadão comum entender o que significa uma lei dessas.


Correio da Cidadania: Como analisa o governo brasileiro em sua atuação no campo das comunicações e sua relação com os grupos midiáticos?

Laurindo Lalo Leal Filho: Acredito que não só este governo, mas todos têm um receio muito grande de enfrentar esses poderosos grupos de comunicação. Escrevi um artigo chamado “A síndrome Jango, aos 50”, no qual coloco que o fato de os grupos de comunicação terem praticamente empurrado pra rua o governo Jango, colaborando muito para o golpe de 64, que depois sustentaram, fez com que todos os governos de lá pra cá tenham muitos cuidados, estejam sempre cheios de dedos para dialogar com a mídia. Acho que o fantasma do golpe de 64 perdura até hoje. Não só esse, mas todos os governos sempre tiveram um receio muito grande de ir à frente com um debate pra colocar a mídia e, principalmente, os meios eletrônicos em um enquadramento democrático.

Podemos perceber algumas pesquisas que mostram que, desde 1988, da Constituinte pra cá, já foram elaborados 20 projetos de lei pelos governos, mas que nunca foram colocados em debate na sociedade, muito menos levados ao Congresso Nacional. Pois, em determinado momento da discussão, vinha a ameaça de que o governo poderia ser alvo de uma campanha difamatória muito grande, que poderia até levá-los à desestabilização.

Portanto, é uma disputa muito delicada, sendo necessária uma vontade política muito grande. Mas essa vontade é necessária. E para ser vitoriosa, não basta que seja vontade política dos governos. É preciso que seja combinada com os movimentos sociais. É uma disputa bastante difícil, mas que aqui no Brasil já está passando da hora.


Correio da Cidadania: Acredita que o governo Dilma possa se espelhar no exemplo argentino e buscar caminhos para uma maior democratização do espectro midiático, tão dependente de poucos grupos empresariais?

Laurindo Lalo Leal Filho: Tenho visto a presidente Dilma tomar medidas que antes a gente achava impossíveis de serem tomadas. São os casos da redução da taxa de juros e agora da redução da tarifa da energia elétrica – mais a disputa que trava agora com as três empresas elétricas controladas pelo PSDB. Ela mostra muita coragem nesses enfrentamentos. Não posso descartar essa possibilidade, ainda mais agora que percebemos que ela tem uma estreita relação com a Cristina Kirchner. Assim, parece-me que a Dilma acompanha bem de perto o que acontece lá com a Ley de Medios. Acredito que o exemplo ela tem, o modelo está traçado. O modelo argentino cabe perfeitamente no Brasil, com pequenas adaptações.

É difícil dizer se fará ou não. É difícil acreditar totalmente porque o Brasil tem uma dificuldade a mais: a presença no Congresso Nacional de muitos parlamentares radiodifusores, ou seus representantes, e que fazem parte da base de apoio ao governo, principalmente dentro do PMDB. Esta é uma dificuldade real, coisa que na Argentina acabou sendo enfrentada, e a lei passou.

Não sei até que ponto o governo teria possibilidade de ir à frente numa lei de mídia contando com tal base de sustentação política no Congresso. É luta política, de conquista de apoio, indo à frente e enfrentando essa dificuldade. É muito difícil saber se será possível travá-la no primeiro mandato de Dilma, embora o movimento social e a luta pela democratização da comunicação já tenham claro que estamos muito atrasados, e ficaremos cada vez mais em relação a outros países latino-americanos.


Correio da Cidadania: Em sua opinião, quais seriam os pontos mais importantes de uma imaginária “Ley de Medios à brasileira”?

 Laurindo Lalo Leal Filho: Sem dúvidas, tal como lá, um ponto é a divisão do espectro para ampliar a participação de outras vozes no debate político e cultural brasileiro. Em outras palavras, enfrentar o monopólio. Estabelecer limites máximos pra que grupos econômicos tenham determinado número de concessões de rádio e TV, permitindo que outros grupos da sociedade civil possam participar das disputas. Creio ser esta a questão central, tanto na Argentina como no Brasil.

E temos de ir além, porque o Brasil, com as dimensões continentais que tem, necessita de uma lei que dê conta de uma difusão maior nas concessões, estimulando a produção regional. Isso porque tivemos não só a concentração dos meios nas mãos de poucas empresas, mas também uma concentração regional dos meios, determinando que todas as pautas e valores que circulam pelo país continuem sendo produzidos no eixo Rio-São Paulo, passando um pouco por Brasília. A regionalização é fundamental e a lei precisa dar conta disso.

Além do mais, há outras coisas importantes, que nada mais são que a necessidade de regulamentar a Constituição Federal brasileira. A lei tem de vir pra regulamentar artigos da Constituição que garantem uma maior democratização da comunicação e que até hoje não foram colocados em prática. Tem a ver com a regionalização, tem a ver com cotas pra produção nacional, cotas pra produção independente...
A lei deve dar conta de tudo isso, para que a comunicação seja algo de todos para todos, e não como é hoje, (feita) de poucos para muitos.



*Valéria Nader, economista e jornalista, é editora do Correio da Cidadania; Gabriel Brito é jornalista do Correio da Cidadania.

Fonte: Correio da Cidadania
Imagem: Google
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