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sábado, 17 de setembro de 2011

Rússia e Venezuela querem nova instituição financeira internacional

Durante a recente visita do chanceler russo Sergei Lavrov à Venezuela, foi ventilada a intenção dos dois países de criar uma nova instituição financeira internacional, para financiar projetos conjuntos. A informação foi divulgada pelo jornal Kommersant, citando fontes da delegação russa (El Universal, 27/08/2011).


Um “Banco Mundial” menor…

A entidade seria modelada no Banco Mundial, em menor escala. Em 2010, os dois governos assinaram um acordo para o estabelecimento de um banco do gênero, com capital inicial de 4 bilhões de dólares. O novo banco teria, também, um escritório em Pequim, o que sugere a intenção de atrair a China para integrá-lo.

Precauções venezuelanas

Em meio ao aprofundamento da crise sistêmica global, a proposta se enquadra no contexto de outras iniciativas que vários governos começam a tomar e considerar, no sentido de proteger as economias nacionais dos efeitos de uma implosão do sistema financeiro internacional, que um número crescente de analistas considera uma questão de tempo. A própria Venezuela determinou, recentemente, medidas ousadas, como a repatriação parcial de suas reservas de ouro, a transferência de parte de suas reservas cambiais para a Rússia, China e Brasil e a nacionalização da única mina de ouro de grande porte do país (MSIa Informa, 25/08/2011).

Por que não o BNDES?

A criação de um banco de fomento para projetos conjuntos já foi, igualmente, considerada pelos integrantes do grupo BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), embora a proposta ainda não tenha passado de conjectura. Se for implementada, uma entidade que funcionasse nos moldes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) brasileiro, um “BNDES do BRICS”, teria duas grandes vantagens. Uma, proporcionar enormes benefícios aos membros do bloco, em termos do financiamento de projetos de infraestrutura e industriais, fora das limitações geralmente impostas pela arquitetura financeira internacional existente, em que os planos nacionais de desenvolvimento ficam em grande medida suabordinados aos apetites voláteis dos “investidores internacionais”. Ademais, ela teria um enorme potencial de influenciar uma mais que necessária “mudança de paradigma” nas práticas financeiras globais, em um momento em que as instituições existentes demonstram cabalmente a sua disfuncionalidade em relação aos requisitos das crescentemente complexas e interdependentes economias do século XXI.

China, lá e cá

Um importante aspecto adicional seria o fato de que uma instituição do gênero possibilitaria que a China pudesse utilizar uma parcela signficativa das suas colossais reservas internacionais em projetos de desenvolvimento, tornando-a parceira do processo, de uma forma menos intrusiva e com menos efeitos negativos do que as meras transações comerciais envolvendo importações de matérias-primas e recursos energéticos e exportações de produtos industrializados ultrabaratos, indutores de desindustrialização em países como o Brasil. Para os interesses estratégicos de longo prazo da China, a integração física da América do Sul, para a qual poderia contribuir consideravelmente, é perfeitamente harmônica com o desenvolvimento do interior eurasiático (ademais, a mesma estratégia geopolítica gestada em Londres e exportada para a outra margem do Atlântico foi grandemente responsável pelo retardo no desenvolvimento dos dois “hinterlands” continentais).



Movimento de Solidariedade Íbero-americana

Créditos este post é matéria apresentada no Boletim Eletrônico MSIa INFORMA, do MSIa – Movimento de Solidariedade Íbero-americana, Vol. III, No 16, de 01 de setembro de 2011. Introduzi subtítulos no texto para facilitar e incentivar a leitura.

Fonte: retirado do Blog do Ambientalismo
Imagem: folha.uol


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